Janeiro Roxo: campanha busca conscientizar população sobre a hanseníase

O último boletim epidemiológico da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2023, revelou que no Brasil foram diagnosticados 22.773 novos casos de hanseníase. Esses números representam um aumento de 4% em comparação ao ano anterior, fazendo com que o país ocupe a segunda posição global em novos casos. No Ceará, em 2024, conforme dados do IntegraSUS, foram registrados 1.101 casos novos, tendo uma redução em comparação ao ano de 2023, quando o Estado registrou 1.223.

A hanseníase é uma doença infecciosa, tem evolução crônica e é contagiosa, sendo causada pela bactéria Mycobacterium leprae e se manifesta na pele em forma de manchas esbranquiçadas, amarronzadas, e acastanhadas, gerando alteração de sensibilidade, diminuição da força muscular, dores nos músculos das pernas, brações, mãos e pés. Segundo o dr. Sinárley Júlio da Silva, CREMESP 100337, médico dermatologista (RQE 80516) e hansenólogo (RQE 805161).

“É uma doença infecciosa de um agente muito antigo, denominado Mycobacterium leprae. Hoje sabe-se e entende-se a hanseníase, mas como uma doença sistêmica, uma doença que afeta vários órgãos, afeta principalmente o sistema nervoso que chamamos de neurotropismo da bactéria. Então é muito comum que os pacientes com hanseníase tenham acometimento do sistema nervoso, principalmente do sistema nervoso periférico, nervos dos pés, das mãos, em áreas mais frias do organismo, olhos, ouvidos e outros tipos de órgãos, a gente tem um entendimento de uma doença mais sistematizada”, explica o Dr.
A transmissão da doença ocorre por meio do ar, quando uma pessoa infectada sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, por meio de espirro ou tosse infectando outras pessoas mais propícias a adoecer. Além disso, para que a pessoa seja infectada é necessário um contato próximo e prolongado. 
“Hoje sabe-se que a transmissão é principalmente por via aérea do bacilo, porém não é tão simples. A transmissão do Mycobacterium leprae, ele tem a sua base principalmente no contato do doente com a pessoa que vai ser que vai receber o bacilo, num contato que tem que ser íntimo e prolongado, não é um contato fugaz”, destaca o dr. Sinárley Júlio.

A Hanseníase tem um tempo de incubação e leva em média de 2 a 7 anos para apresentar os sintomas e sinais, após a infecção. Isso ocorre porque a bactéria transmissora, se comparada com outras bactérias, tem um metabolismo relativamente lento.

“A pessoa demora para perceber os sintomas, porque é uma doença lenta, de progressão lenta, demora anos para as lesões irem evoluindo e depende daquilo que falei anteriormente, o contato íntimo e prolongado com a bactéria. Demora, porque a bactéria tem um metabolismo relativamente lento, se compararmos com outras microbactérias ou com outras bactérias, o que determina que esse tempo de reação irá levar a surgir as lesões e principalmente. As lesões nos nervos não é um processo rápido, é um processo lento, então a pessoa, sim, ela demora para ser diagnosticada e para perceber e muitas das vezes, a hora em que ela é diagnosticada e ela percebe, ela já está num grau de lesão nervosa tal que ela já tem sequelas”, afirma o médico.

Diagnóstico
Segundo dr. o diagnóstico é baseado em critérios clínicos e epidemiológicos. Após isso, para confirma a doença, é feita uma baciloscopia, um exame que identifica as bactérias presentes na região.
“O médico, na atenção básica, examina o paciente, determina que aquelas lesões são suspeitas e faz o diagnóstico em alguns critérios clínicos. Existem exames, um dos mais antigos é a baciloscopia, existem testes imunológicos, né, e existem modernamente testes de sangue, testes sorológicos para o diagnóstico, mas o diagnóstico a nível de saúde básica e de importância epidemiológica é o diagnóstico clínico”, destaca.

Tratamento
Após o diagnóstico, o tratamento é realizado com alguns antibióticos, por meio de uma sigla que é denominada pelos médicos de PQT, uma poliquimioterapia que associa três fármacos: rifampicina, dapsona e clofazimina. O tratamento também pode variar entre 6 e 12 meses.
“O tratamento é feito através de uma sigla que nós denominamos de PQT, uma poliquimioterapia, ou seja, é uma cartela que tem alguns antibióticos, algumas substâncias químicas que têm ação antibiótica, bacteriostática ou bactericida, dependendo de cada um. Existe um esquema e o paciente toma aquilo também num tempo determinado, pode ser de seis meses, pode ser de 12 meses, ou pode ser até maior, dependendo da necessidade”, finaliza o médico.

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