A Andrade Gutierrez iniciou negociações para reestruturar US$ 476 milhões em dívidas referentes a títulos emitidos no exterior, incluindo bonds com vencimento em 2029 e 2040.
Após não honrar um pagamento de US$ 19 milhões (R$ 118 milhões) em juros no final de 2024, a empresa busca evitar uma recuperação judicial e propõe negociação amigável com os credores, conforme divulgado pelo site Pipeline, do Valor nesta quinta-feira (9).
A situação financeira da companhia gerou um cenário desafiador. Apesar de encerrar setembro com um caixa de R$ 472 milhões, apenas R$ 70 milhões estavam disponíveis para pagamento de juros no final do ano, resultando no atraso do pagamento.
O pagamento dos juros tornou-se então inviável, uma vez que a empresa possui contratos com clientes que incluem cláusulas que restringem o uso do caixa, priorizando o pagamento de fornecedores e despesas relacionadas aos projetos.
Dívidas pressionam da Andrade Gutierrez em 2025
Os títulos de 2029 e 2040 da Andrade Gutierrez representam cerca de 80% da dívida total, que alcançou R$ 3,9 bilhões em setembro de 2024. Este ano, a empresa precisa arcar com R$ 458 milhões em juros.
Apesar de projetar uma melhora no Ebitda para 2025, em torno de R$ 600 milhões, com a maturação de projetos relevantes, como o da República Dominicana, a maior obra em andamento da empresa, o caixa seguirá insuficiente para honrar a dívida.
Com projetos atrasados, como rodovias em Angola e a hidrelétrica na República Dominicana, o Ebitda (indicador de geração de caixa) foi negativo em R$ 87 milhões nos primeiros nove meses de 2024, encerrando o ano levemente positivo.
Renegociação pode incluir haircut
Com a renegociação da dívida, a companhia pode reduzir a despesa financeira e alcançar um equilíbrio entre custos e receitas.
A empresa propõe inclusive reescalonar os pagamentos ou até realizar um “haircut” (desconto no valor total devido). Esse tipo de renegociação pode aliviar a pressão sobre o caixa, permitindo equilíbrio entre custos e receitas.
O título com vencimento em 2029 é negociado a um desconto de 75% em relação ao valor de face, refletindo a percepção de risco dos investidores. Diferentemente de 2022, quando a Andrade optou por recuperação extrajudicial, desta vez a tentativa é evitar uma abordagem judicial.
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