A guerra no Oriente Médio, especialmente no contexto do conflito entre Israel e os palestinos, é marcada por uma complexidade histórica, política e religiosa. Nos últimos tempos, a postura agressiva de Israel, em particular sob o governo de Benjamin Netanyahu, tem sido alvo de intensas críticas, tanto da comunidade internacional quanto de setores internos. Netanyahu, que há anos se mantém no poder, enfrenta uma série de investigações e crises políticas.
No entanto, a perpetuação de uma narrativa bélica e o uso da violência contra os palestinos têm dado a ele uma política de sobrevida, desviando o foco de seus problemas internos e mobilizando uma parte da sociedade israelense em torno do medo
Os abusos cometidos por Israel, como os ataques sistemáticos contra Gaza, o bloqueio econômico, a expansão dos assentamentos em territórios ocupados e as restrições à movimentação dos palestinos, são frequentemente justificados por uma retórica de autodefesa. No entanto, a desproporcionalidade da resposta israelense e o sofrimento contínuo imposto à população civil palestina levantam questões sobre privacidade de direitos humanos. Entendimentos entre organizações internacionais apontam para práticas que podem ser vistas como danosas e como crimes de guerra, colocando Israel sob uma crescente pressão diplomática
No cerne desta política agressiva está uma visão, amplamente sustentada pelos setores mais conservadores e religiosos de Israel, de que o Estado Judeu tem uma missão divina a cumprir. A crença de que Israel é um “povo escolhido” por Deus, com o direito de defender e expandir suas fronteiras bíblicas, influenciando fortemente as decisões políticas, especialmente no que diz respeito aos territórios ocupados. Essa ideologia pode ser vista como uma tentativa de legitimar a subjugação de outros povos, como os palestinos, e justificar uma ação ocupacionista a partir de invasão pela força militar.
Entretanto, a longo prazo, essa postura pode se tornar uma ameaça existencial ao próprio Estado de Israel. A manutenção de uma ocupação militar e a recusa em buscar uma solução negociada alimentam um ciclo de violência que isola Israel diplomaticamente e enfraquece sua legitimidade no cenário internacional. Além disso, internamente, o crescente descontentamento entre as minorias árabes israelenses e os setores mais liberais da população judaica indicam que a política atual está erodindo a coesão social do país.
A política de sobrevida de Netanyahu, ancorada na guerra contínua e nos abusos contra os palestinos, pode estar ajudando um colapso. Israel corre o risco de, ao insistir em uma política de expansão e opressão, sacrificar sua estabilidade a longo prazo. O isolamento internacional, o esforço interno e o crescente ressentimento do mundo árabe e muçulmano podem levar o país a uma falência política e moral. O preço da sobrevivência de um Estado que se criou para destruir nações pode ser sua própria destruição.
EDMAR XIMENES
GEÓLOGO
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