Bolsonaristas se irritam com Tarcísio por elogio ao sistema eleitoral

Os elogios feitos pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), às urnas eletrônicas e à Justiça Eleitoral brasileira, durante evento no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), na quinta-feira (20), enfureceram aliados bolsonaristas do gestor paulista. No fim de semana anterior, Tarcísio havia participado, no Rio de Janeiro, do protesto pró-anistia dos presos pelo 8 de janeiro de 2023, convocado por Jair Bolsonaro (PL).

No ato, criticou a inelegibilidade do ex-presidente, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aliados de Bolsonaro disseram que o governador sinalizou disposição de atuar de acordo com os interesses dele, sem compromisso com o grupo político.

Segundo relatos à reportagem, a impressão deixada foi a de que, depois de endurecer o discurso para um lado, busca compensar com gestos na direção oposta. Tarcísio discursou no TJSP, durante a abertura do Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais (Coptrel). “O Brasil veio se tornando referência em termos de velocidade, de apuração, de tecnologia. Muitos países têm que olhar para o Brasil e ver o que está sendo feito aqui. O Brasil se tornou, de fato, uma grande referência”, disse, falando sobre as urnas. “A gente tem que fazer o agradecimento à Justiça Eleitoral por todo esse trabalho, por todo esse empenho como garantidora da democracia brasileira”, complementou.

Para um integrante da base bolsonarista na Assembleia Legislativa de São Paulo, o governador tocou em um tema sensível ao bolsonarismo. Ao falar de urnas eletrônicas, disse, era esperado que mencionasse o “voto auditável” e a impressão dos votos registrados, bandeiras do ex-presidente.
Outro membro do grupo criticou a presença de Tarcísio no evento, argumentando que, se o governador questiona a decisão da Justiça Eleitoral que tornou Bolsonaro inelegível, não deveria participar de um ato em deferência ao mesmo órgão. O ex-presidente perdeu o direito de disputar eleições até 2030 após ser condenado pelo TSE, por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação, após difundir mentiras sobre o processo eleitoral em reunião com embaixadores e utilizar eleitoralmente o evento de comemoração do Bicentenário da Independência.

Tarcísio nega publicamente que tentará disputar a Presidência no ano que vem, afirmando que Bolsonaro será o candidato, mesmo com o impedimento judicial. Ele diz que tentará a reeleição ao Governo paulista, embora já tenha reconhecido a aliados que, se o ex-presidente pedir, abraçaria a disputa ao Planalto. Nos bastidores, o nome dele é cogitado entre dirigentes de partidos da direita ao centrão.

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