Paratletas cearenses de handebol são destaque em competições nacionais e internacionais

O Ceará possui uma modalidade paradesporto vitoriosa: o handebol em cadeira de rodas. Os atletas cearenses, além de contarem com uma forte equipe para as competições nacionais, possuem participação na seleção brasileira da modalidade. As conquistas do ouro no mundial em 2022 e do bronze no mundial de 2024 marcam apenas o início de uma trajetória promissora para o cenário do esporte. No momento, a equipe cearense se prepara para o seu próximo objetivo: o campeonato brasileiro.

O Campeonato Brasileiro de Handebol em Cadeira de Rodas é realizado desde 2023 pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) e conta com a participação de estados como Alagoas, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, podendo haver mais de um time participante por estado. Esse ano, a competição será realizada em São Paulo, no Centro de Treinamento Paralímpico, do dia 29 de abril até o dia 3 de maio.
Na primeira edição, a equipe cearense contou somente com a participação feminina, que foi campeã na competição. No ano passado, com times nas duas categorias, o feminino foi vice-campeão e o masculino sétimo lugar, ambos realizando uma ótima campanha durante o campeonato. Para este ano, o objetivo é buscar o título de campeãs no feminino e o ranking de TOP 5 no masculino.

Além disso, sobre a participação no brasileiro deste ano, o treinador Samuel Macena, que também é treinador da seleção brasileira, conta que a equipe já iniciou a preparação com treinamento, parte física e busca os próximos passos. “Como a data está definida, vamos atrás da coisa mais difícil, que é o apoio financeiro, porque a gente precisa do apoio de passagens aéreas, valores de inscrição e alimentação para conseguir participar do campeonato”, comenta o treinador.

Adesul, Associação D’Eficiência Superando Limites, conta como boa rede de apoio, porém, a organização possui mais de 21 modalidades para gerenciar, o que dificulta a cobertura total de despesas para campeonatos. Os atletas encontram nos patrocinadores e por meio da realização de rifas uma oportunidade para realizar sonhos e desenvolver a modalidade cada vez mais.

Campeãs mundiais
Paula Lima, uma das cearenses campeã mundial e nacional na modalidade, conta que o mundial foi uma “experiência inimaginável”. “Não existia, nós fomos os primeiros”, a atleta relata sobre o ouro do primeiro mundial de handebol em cadeira de rodas, que aconteceu em 2022, no Egito.

Após uma lesão medular na lombar, Paula reencontrou na modalidade, a convite do treinador Samuel, sua paixão antiga pelo handebol que jogava na época da escola. Naquele ano, em 2020, a equipe treinava no Cepid, Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência.

Paula Lima, que é tenente do exército e secretária da Federação Cearense de Handebol, também é atleta de tiro esportivo. “Esporte na minha vida é tudo”, ressalta a atleta. Paula também conta sobre seu processo de adaptação ao handebol em cadeira de rodas, como a espera por sua cadeira adaptada para jogar, e se emociona ao relembrar que “foi tudo muito novo”, tanto a modalidade, quanto as competições.
Aline Martins também é campeã mundial na modalidade e demonstra felicidade ao observar o esporte se desenvolvendo e se destacando cada vez mais. Sobre o mundial de 2022, a atleta compartilha: “o sonho de todo atleta é se tornar um atleta de seleção, eu abracei essa oportunidade com muito orgulho”. “Pra mim foi incrível tá subindo ao pódio representando o nosso país da melhor forma possível, que foi em primeiro lugar”, recorda a atleta.

Para o campeonato brasileiro deste ano, Aline ressalta o desejo de “fazer uma competição brilhante”. Após ser campeã em 2023 e vice-campeã em 2024, a jogadora conta que o desejo de “voltar lá e tentar fazer o melhor sempre” é o combustível de todo atleta para as competições.
Aline é ex-professora, atualmente trabalha com vendas e fazendo unhas. A campeã conta que após sua lesão, o esporte a auxiliou em diversos momentos baixos da vida e hoje tem o significado de bem-estar. Além do handebol, Aline também pratica atletismo.
O mundial de HCR4, modalidade com quatro jogadores dentro de quadra e com equipes mistas, é uma competição recente no mundo esportivo. Criada no Brasil, a modalidade é uma vertente do handebol de praia. Cada partida é disputada por 2 sets de 10 minutos e em caso de empate, 1 set de 5 minutos ou decisão de pênaltis.

Após duas edições, o Brasil vem apresentando uma excelente campanha no cenário mundial. Com apenas uma derrota, que aconteceu na semifinal de 2024 por decisão de pênaltis, o país apresenta a melhor campanha entre os demais países. Segundo o treinador Samuel Macena, o Brasil é um dos poucos países que difundem o handebol em cadeira de rodas há mais de uma década.

Paraolimpíadas 2028
Um dos principais objetivos da modalidade é sua inserção no quadro de esportes paraolímpicos. Entre alguns critérios para a inserção de esportes estão: número de países praticantes, número de atletas femininas participantes, sistema antidoping bem definido, sistema de classificação funcional bem definido e número de continentes praticantes.

O handebol em cadeira de rodas não conseguiu sua entrada oficial para a próxima paraolimpíadas que acontecerá em 2028. De 30 modalidades que fizeram o pedido, o surfe e o karatê foram os únicos que entraram para o quadro oficial. Com isso, a modalidade segue em busca de ajustar seus critérios para entrar nas paraolimpíadas de 2032, que será em Brisbane, na Austrália.

No entanto, tendo em vista que Los Angeles será palco para a próxima Paraolimpíadas, e o Estados Unidos é um país emergente no handebol em cadeira de rodas, espera-se a possível participação da modalidade como esporte convidado, pois o país sede pode escolher duas modalidades convidadas.

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