Condições de vida em favelas favorecem mutações do coronavírus

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que as condições de vida em favelas favorecem a mutação de novas cepas do coronavírus. Para chegar a essa conclusão, a pesquisa usou amostras de moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e constataram que as infecções por covid-19 são agravadas pela desigualdade social e de moradia.

O trabalho foi publicado neste mês na revista Frontiers in Microbiology, a partir do sequenciamento genético de 501 testes coletados de 2020 a 2022, quando a alta letalidade na Maré preocupava os especialistas. No caso desse Complexo, as casas próximas e com muitos habitantes, pouca ventilação e muita circulação influenciaram na mutação de novas cepas do vírus.
Não à toa, os índices de mortalidade na favela variaram de 10% a 16% entre os infectados, quase o dobro em relação a áreas urbanizadas no Rio. Na maioria dos casos, as infecções aconteceram fora da Maré.

Para os pesquisadores, isso é uma demonstração da conexão entre a desigualdade e a propagação de doenças, não apenas do coronavírus, mas também influenza e tuberculose, na sociedade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 125 mil pessoas vivem no Complexo da Maré.

No Brasil, aproximadamente 8% da população são moradores de favela. A recomendação do estudo é investir no monitoramento dessas regiões para evitar novas crises no futuro. “Melhorar a infraestrutura e os serviços básicos, como água limpa, saneamento e assistência médica nas favelas é crucial para melhorar a saúde pública e resiliência em futuras crises”, recomenda o trabalho, também assinado por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense, do Instituto D’Or e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

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