Pressionado pela Rússia, insatisfeita com a falta de objetividade dos contatos americanos, o presidente Donald Trump entrou pessoalmente em campo e falou nessa quarta-feira (12) com Vladimir Putin e Volodimir Zelenski sobre a abertura de uma negociação para dar fim à Guerra da Ucrânia. Também ontem, o novo secretário de Defesa americano sugeriu a partilha da Ucrânia como resultado do conflito, considerando as fronteiras pré-2014 irrealistas.
O republicano ligou primeiro para o russo, dessa vez oficialmente. No fim de semana, ele havia dito ter conversado com Putin várias vezes, o que foi negado por diversas pessoas ligadas ao Kremlin. Na Truth Social, própria plataforma de Trump, o americano disse que ele acordou com Putin “ter as respectivas equipes começando a negociar imediatamente”.
O Kremlin confirmou o contato e disse que o presidente russo convidou Trump para visitar Moscou. “Cada um de nós falou sobre as forças de nossas respectivas nações e o grande benefício que teremos um dia ao trabalharmos juntos. Mas primeiro, como ambos concordamos, queremos parar as milhões de mortes que estão ocorrendo na guerra entre Rússia e Ucrânia”, escreveu.
Depois, o americano ligou para Zelenski, com quem também manteve vaivém de tom recente. “A conversa foi muito boa. Ele, como o presidente Putin, quer a paz.” O ucraniano confirmou, em termos naturalmente mais contidos. “Nós falamos sobre oportunidades para chegar à paz, discutimos nossa prontidão para trabalhar juntos.”
Mais cedo, o secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, havia dado um cavalo de pau no discurso público dos EUA sobre a guerra, admitindo que a Ucrânia teria de se contentar com perdas territoriais e basicamente descartando a admissão à Otan, a aliança militar de 32 membros encabeçada por Washington. “Nós queremos, como vocês, uma Ucrânia soberana e próspera. Mas nós temos de começar a reconhecer que retornar às fronteiras pré-2014 da Ucrânia é um objetivo irrealista. Buscar isso só irá prolongar a guerra”, disse ele ao visitar os colegas da Otan em Bruxelas.
São 180 graus de guinada. Até aqui, por mais que nos bastidores isso fosse um segredo de polichinelo, nenhuma alta autoridade americana havia sido clara sobre o tema. Ao citar 2014, ele dá de barato aquilo que a comunidade internacional já havia absorvido antes da guerra iniciada há quase três anos: a anexação da Crimeia, promovida naquele ano por Putin.
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