O governo federal planeja realizar nove leilões para a concessão de rodovias à iniciativa privada e um leilão para ferrovias ainda este ano. A expectativa é de que os projetos atraiam investimentos de R$ 91,4 bilhões para 5,5 mil quilômetros de rodovias e de R$ 99,7 bilhões para 1.708 quilômetros das Ferrovias de Integração Centro-Oeste (Fico) e Oeste-Leste (Fiol). Na área portuária, as concessões e arrendamentos devem somar R$ 20 bilhões até 2025, contemplando 50 empreendimentos essenciais para a navegação comercial e terminais marítimos e hidroviários.
Os investimentos buscam atender à crescente demanda de escoamento da produção agropecuária, que deve atingir números recordes na safra 2024/2025. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que serão transportadas 322,47 milhões de toneladas de grãos, sem contar produtos como cana-de-açúcar, celulose, frutas e carnes, que elevam o volume total para mais de 1,25 bilhão de toneladas.
Durante cerimônia realizada nesta quarta-feira (5), em Brasília, os ministros Carlos Henrique Fávaro (Agricultura e Pecuária), Renan Filho (Transportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) defenderam os investimentos na infraestrutura de transporte como um fator estratégico para manter a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado global. Fávaro rebateu críticas sobre a precariedade logística do país, afirmando que, se o setor fosse ineficiente, o Brasil não estaria conquistando tantos mercados internacionais. Renan Filho reforçou a visão de que a infraestrutura nacional é capaz de sustentar o crescimento das exportações, enquanto Silvio Costa Filho destacou que a expansão do setor agropecuário impulsiona o desenvolvimento logístico, e vice-versa.
Apesar dos avanços anunciados, há desafios à frente. Lideranças de caminhoneiros autônomos prometem se reunir no próximo sábado (8), no Porto de Santos (SP), para discutir uma possível greve. O principal motivo seria o recente aumento no preço do diesel, além da insatisfação com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 2023, declarou inconstitucionais 11 pontos da Lei dos Caminhoneiros (Lei 13.103/2015), afetando regras sobre jornada de trabalho e períodos de descanso.
O governo tem tentado evitar a paralisação, alegando que não tem controle direto sobre o reajuste do combustível. Em coletiva recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Petrobras é responsável pelas decisões sobre preços de petróleo e derivados. Além disso, empresários do setor de transporte rodoviário de carga temem impactos trabalhistas com a decisão do STF e buscam modulação dos efeitos jurídicos para evitar retroatividade.
A infraestrutura segue como um dos grandes desafios para o crescimento do país. Se por um lado os novos investimentos em rodovias, ferrovias e portos podem modernizar a logística do agronegócio, por outro, o setor de transportes ainda enfrenta incertezas, especialmente no que diz respeito ao equilíbrio entre custos operacionais e condições de trabalho dos profissionais da área.
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