Em épocas de eleições muitas coisas nos surpreendem. Os debates entre os candidatos a prefeito de São Paulo, por exemplo, viraram eventos em que quase tudo pode acontecer. De cadeirada de um candidato em outro a soco entre assessoria, ninguém sabe qual a surpresa da próxima reunião entre os que desejam ocupar a cadeira de prefeito por lá. Por aqui, novas pérolas podem ser disparadas. Quem esqueceu da célebre “chupa aqui pra ver se sai leite”? Entrou para a história.
Semanas atrás recebi uma ligação. Costumo ignorar ligações que não sejam de meus familiares. Quase sempre são de operadoras ou misteriosas. Mas essa resolvi atender. Para a minha surpresa, tratava-se de uma pesquisa eleitoral. De cara perguntei de onde, de qual órgão. Obtive uma resposta acho que satisfatória. O entrevistador fez várias perguntas. Citou os nomes dos candidatos daqui, perguntou em qual eu votaria e como eu avaliava os padrinhos políticos deles.
De início pensei em não responder. Mas depois aflorou em mim o espírito cidadão, o espírito democrático. Pensei que em alguma das muitas pesquisas divulgadas nesse período, a minha colaboração estaria lá. Então fui gentil e paciente com o rapaz da ligação, dando respostas.
Hoje o celular tocou. “Desconhecido” na tela. Atendo ou não atendo? Por pouco não atendi a ligação. Vai que é algo importante, vai que recebo uma boa notícia num belo sábado ensolarado, instantes antes de sair pra tomar umas cervejas.
“Alô?”
“Oi”, disse a voz feminina. Notei que não era telemarketing. Ufa! Graças! Aleluia!
“Meu nome é … e estou fazendo uma pesquisa eleitoral.”
“Pesquisa?”
“Sim.”
“De onde?”
“É particular”
“Essa é nova.”
Ela riu.
Estranhei. Pensei que fosse fazer propaganda de algum candidato, o que seria contra as normas eleitorais.
Perguntou em quem eu votaria para vereador. Dei uma resposta particular e desconversei. Ela agradeceu e se despediu.
É cada uma que aparece em tempo de eleição.
FELIPE AUGUSTO FERREIRA FEIJÃO
PROFESSOR E
MESTRE EM FILOSOFIA
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