A tradicional Caminhada com Maria aconteceu como de costume nest dia 15 de agosto, quinta-feira, em Fortaleza. A data celebra o Dia de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da capital cearense. Fiéis de todo o Estado embarcaram nessa jornada movidos pela fé que lhes representa.
Valdereiz Abreu, 65, relata que participou de todas as edições da caminhada, exceto no período da pandemia (2020 a 2022), quando o evento ocorreu de forma online. Para a pedagoga aposentada, estar naquela celebração era motivo de orgulho e compaixão para com a Santa que é devota. “Esse evento representa tudo, porque Nossa Assunção é uma Santa que protege e acolhe”, discorre. Maria Ana do Nascimento, 72, que estava junto de Valdereiz, complementa: “Nossa Senhora que deu o ‘sim’, e através dela, tudo que vocÊ pede À mãe ela leva ao filho”.
Enquanto sentava-se na sombra para aguardar o início da longa jornada, Valdereiz afirma que sempre aguenta o percurso. “Você pensa que não consegue, mas chega lá!”. Os seguidores percorreram um trajeto de 12 km, saindo do Santuário da Assunção, no bairro Vila Velha, até a Catedral Metropolitana de Fortaleza, no Centro, em um clima ensolarado marcando 30° C – conforme os dados meteorológicos.
No entanto, isso não era um empecilho para Roger Albuquerque, 45, cadeirante que estava pela primeira vez na caminhada. Para o aposentado, qualquer esforço para estar naquele momento era pertinente. “Acho que qualquer sacrifício para Deus é válido. É o sumo bem, o que a gente tem de mais importante na vida”. Junto de uma familiar, Roger explica que já queriam ter participado da procissão no ano passado, mas por empecilhos acabou não conseguindo. Dessa forma, se organizaram para ir em 2024: “Deus nos deu a vida, e nós temos esse dever de gratidão com ele”, finaliza enquanto tirava fotos da estátua de Nossa Senhora da Assunção, localizada na praça homônima, em frente ao Santuário.
O estudante Normando Machado, 42, já participou de outras caminhadas e exalta o momento de religiosidade que o evento proporciona. “É uma experiência única. A gente vai cantando, orando, rindo, apoiando os amigos uns aos outros, e a gente não sente esse percurso longo, quando vamos ver já estamos na Catedral”, relata. Estar na Caminhada com Maria simbolizava “um momento de fé e representatividade de um povo” para o estudante. Ele complementa, falando da importância daquela experiência: “É um momento forte da nossa arquidiocese e da paróquia de Nossa Senhora da Assunção, então aproveite e faça essa experiência”.
A celebração
Segundo estimativa da Polícia Militar do Ceará (PMCE) até o fechamento deste conteúdo, foram estimados cerca de 2 milhões de fiéis ao final da jornada, que se encerrou à noite na Catedral Metropolitana. O evento começou ao meio-dia, com uma Santa Missa celebrada pelo arcebispo Dom Gregório Paixão, que esteve pela primeira vez à frente da manifestação de fé. O atual representante da arquidiocese assumiu a posição em dezembro de 2023, substituindo dom José Antônio Tosi Marques, que renunciou após completar 75 anos.
Dom Gregório iniciou a procissão agradecendo em nome de todas as paróquias e personalidades presentes, inclusive a do governador Elmano de Freitas (PT). Antes da saída dos fiéis para o início da jornada, o arcebispo pediu tranquilidade aos seguidores e informou que haveria serviços de ambulância, médicos e policiais. Mais de 500 agentes de segurança e saúde prestaram apoio ao evento, desde às 6 horas da manhã até o fechamento no centro da cidade.
O tema da caminhada deste ano foi “Peregrinamos com Maria no Ano da Oração”. A pedido do arcebispo dom Gregório, a celebração ganhou um significado ainda mais especial com a inclusão de crianças com deficiência (PCDs) na coroação da imagem de Nossa Senhora, que ocorreu no final do Percurso da Fé. Desde 2003, a Caminhada com Maria move milhões de fiéis e se consolidou como um dos maiores eventos religiosos do Brasil, e em 2015 foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
(Por Caio Salgueiro)
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