À frente do Ministério da Saúde (MS), Nísia Trindade afirmou nesta quinta-feira (15) que o Brasil está no nível 1 de emergência da mpox, um dia após citar caracterizar o cenário nacional como de alerta. A declaração desta quinta veio em cerimônia que oficializou a criação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE-Mpox) para coordenar ações de resposta à doença no país. Na quarta-feira (14) foi decretada emergência internacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em razão da doença. Também nesta quinta foi noticiada uma negociação em curso entre Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para a aquisição emergencial de 25 mil doses de vacina contra a mpox para o Brasil.
“Este é, sim, um motivo de alerta, monitoramento e preocupação […] Devemos permanecer vigilantes e seguir as recomendações disponíveis para lidar com essa emergência de importância internacional, considerando a presença do vírus no Brasil”, afirmou a titular da pasta. Oficialmente, para o MS, o Brasil apresenta sinal de estabilidade e controle da mpox, diz o ministério em nota enviada ao jornal O Estado nesta quinta à tarde, pouco depois da instalação do comitê. A medida é tida como preventiva pelo órgão representado pela ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e que dispõe da total confiança do presidente Lula (PT).
O centro opera na sede da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), em Brasília, que é comandada por Ethel Maciel. A gestora argumenta que “há uma vigilância sensível para Mpox e, de forma preventiva, as recomendações e o plano de contingência para a doença no Brasil estão sendo atualizadas”. A secretária também pontua que há duas cepas da doença em circulação na região da África. “Após a declaração de emergência, descobriu-se que os primatas não eram os únicos hospedeiros da doença. A cepa 1 da variante B, que surgiu no Congo, tem gerado maior preocupação e é a razão para esta nova declaração da OMS, por ter se mostrado mais transmissível. Mutações fizeram com que essa variante B causasse casos mais graves, inclusive em crianças, o que representa uma apresentação diferente do que observávamos anteriormente”.
Cenário no Brasil
Em 2024, foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis, número distante dos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da doença no Brasil. Desde 2022, foram registrados 16 óbitos, sendo a morte mais recente em abril de 2023, mesmo ano em que a vacinação contra a mpox foi iniciada após liberação sumária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desde o início da vacinação, mais de 29 mil doses foram aplicadas.
“No Brasil, nós vacinamos com uma licença ainda especial da Anvisa em casos muito excepcionais, para grupos muito vulneráveis, pessoas que tinham tido contato com outras pessoas doentes. Então, a vacinação nunca será uma estratégia em massa para a mpox”, argumenta Nísia, acrescentando que especialistas seguem estudando a eficácia da vacina no enfrentamento da nova cepa. A ministra também pondera a dificuldade de aquisição de imunizantes ante a escassez de fabricação em massa de doses.
No Ceará, o boletim mais recente da doença data de 2022, ano em que os casos explodiram em território nacional. À época, a Secretaria de Saúde (Sesa) do Estado publicou um manual sobre a mpox. O documento pode ser acessado via qr-code ao final deste conteúdo. No início desta semana, a Sesa informou que investiga uma possível morte fetal por mpox, de uma gestante com oito meses de gravidez, na região do Maciço de Baturité, área que concentra os pelo menos 122 casos da doença.
A mpox é uma doença viral, portanto, transmissível pelo contato. Espalha-se por meio do contato próximo com alguém infectado, incluindo falar ou respirar próximos uns dos outros, o que pode gerar gotículas ou aerossóis de curto alcance; contato pele com pele, como toque ou sexo vaginal/anal; contato boca com boca; ou contato boca e pele, como no sexo oral ou mesmo o beijo na pele. Durante o surto global de 2022/2023, a infecção se espalhou sobretudo por via sexual.
Confira manual da Sesa sobre mpox apontando a câmera do seu celular ou ipad para o qr-code.
Por Kelly Hekally
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