Team FOLON e a vida pós-Fallout: London

As modificações se tornaram parte muito importante dos jogos da Bethesda, com inúmeras delas tendo surgido ao longo dos anos. Mas quando se trata do trabalhado realizado por fãs usando o Fallout 4 como base, nenhuma causou tanta expectativa quanto o Fallout: London. Prometendo nos levar para a capital inglesa, o mod foi lançado recentemente e agora seus criadores falam sobre os próximos passos que pretendem dar.

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Fallout: London

Crédito: Divulgação/Team FOLON

Conhecidos como Team FOLON e se apresentando como “um grupo de amadores, profissionais da indústria, modders e entusiastas de jogos que se reuniram de todos os cantos do mundo para dar vida às ruas pós-apocalípticas de Londres,” a experiência adquirida durante o projeto fez com que com eles almejassem voos ainda mais altos.

Durante uma entrevista para a BBC, o diretor do Fallout: London, Dean Carter, falou sobre tal possibilidade e como as doações feitas pela comunidade terão um papel fundamental para que a equipe forme um estúdio independente.

“Esperamos lançar nossa própria empresa de jogos indie, o que nos permitirá surgir com nossas próprias ideias, criar nosso próprio jogo e trabalhar como uma comunidade, sem ter que falar com ninguém acima de nós, como a Bethesda ou algo assim,” explicou. “Será uma coisa completamente nossa e poderemos criar um jogo que queremos, que achamos que a comunidade gostará. O Fallout: London tem sido um ótimo trampolim para isso.”

Pois Carter tem razão ao citar o holofote que o mod tem colocado sobre o grupo. Disponível exclusivamente no GOG (mas também podendo ser usado na versão do jogo do Steam), Fallout: London registrou mais de 500 mil downloads apenas no primeiro dia e foi aclamado pela sua ambientação.

Ao deixar os Estados Unidos e nos colocar para explorar uma Londres pós-apocalíptica, o Team FOLON fez um trabalho magistral aproveitando alguns pontos de referência da cidade e os costumes dos ingleses, fazendo várias referências à cultura local.

Mesmo com muitas reclamações quanto a instabilidade do mod, com diversos relatos de travamentos e bugs, aqueles que tiveram paciência para avançar pela longa campanha adoraram o que encontraram pelo caminho e não parece para menos. Segundo a página do jogo, com o Fallout: London teremos acesso ao seguinte:

  • 200 missões para mudar o futuro de Londres;
  • 20 facções brigando pelo poder;
  • 7 companheiros para levar em sua jornada;
  • 15 bairros criados do zero, trazendo a você uma nova Londres distorcida e quebrada;
  • Sistema de diálogo estendido para trazer as escolhas dos jogadores para a mesa, crie sua própria história!
  • Trilha sonora original revisada para dar personalidade a cada canto;
  • Dublagem original de todos os personagens principais, gangues e facções.

Crédito: Reprodução/Matthew Gibbs/ArtStation

O mais impressionante é que todo esse conteúdo — algo que se produzido pela Bethesda provavelmente daria vida a um jogo separado vendido pelo preço cheio — está disponível gratuitamente, exigindo apenas que os interessados tenham uma cópia do Fallout 4: GOTY Edition.

O que torna o lançamento do Fallout: London algo tão importante é a própria maneira como a Bethesda tenta capitalizar em cima dessas produções. Mesmo com a empresa se beneficiando da extensão da vida de seus jogos devido o interesse gerado pelo trabalho dos modders, ela quer mais, lançando e reciclando um criticado programa para a venda de modificações.

Então, quando um grupo como o Team FOLON surge com uma expansão que, mesmo com as ressalvas dos problemas do lançamento, nos oferece tanto (e tão bom) conteúdo sem cobrar um centavo por isso, é inevitável não questionar o papel da editora. Será que o melhor não seria eles aproveitarem todo o hype gerado por esse material, incluir (gratuitamente) o Fallout: London no Bethesda Game Studios Verified Creator Program e facilitar o acesso a ele?

Fallout: London

Crédito: Divulgação/Team FOLON

Sim, hoje o mod pode ser instalado de maneira relativamente simples graças ao suporte prestado pelo GOG, mas tê-lo na própria plataforma de distribuição da editora poderia ajudar muito tanto a tornar o trabalho do Team FOLON mais conhecido, quanto a aumentar as vendas do Fallout 4.

De qualquer forma, várias pessoas adoraram o que lhes foi entregue pela equipe capitaneada por Dean Carter e como demonstração disso, fizeram as doações citadas por ele. O grupo poderia continuar apostando neste modelo de produção, mas a verdade é que nem só de elogios vive o homem. “Por mais que eu ame o fato de que este é um projeto gratuito — que pudemos oferecê-lo de graça para toda a comunidade — ser de graça não paga nossas contas,” justificou. E como discordar disso?

Contudo, não pense que essa nova etapa do Team FOLON acontecerá logo. Segundo Carter, agora o objetivo é aproveitar os próximos meses do ano para preparar patches de correção, melhorar a estabilidade do jogo e até mesmo lançar conteúdos que foram cortados dessa versão inicial. “Temos outro final, que chamamos de final curinga e que será lançado em um patch futuro,” revelou.

Crédito: Divulgação/Team FOLON

Vendo o que esse pessoal conseguiu desenvolver até aqui, é difícil não criar expectativa pelo que está por vir e acredito que eles não terão muita dificuldade para encontrar uma editora disposta a financiar seus próximos projeto. Porém, é preciso levar em consideração a diferença em colocar no mercado uma modificação gratuita e um jogo que teremos que pagar para ter acesso a ele.

Algo lançado com tantos problemas como os associados ao Fallout: London seria muito criticado pela mídia especializada e até mesmo atacado pelos consumidores. Temos visto reações assim arranhando a imagem de estúdios gigantes e no caso de um independente, especialmente um que ainda está iniciando sua trajetória na indústria, poderia significar seu encerramento e por isso torço para que esse pessoal tenha noção do terreno em que está entrando e que sejam muito bem assessorados. Talento eles já demonstraram ter, mas a história nos mostrou que trabalhar com a criação de jogos exige muito mais do que isso.

Team FOLON e a vida pós-Fallout: London

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