
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou retirar o status de isenção fiscal da Universidade Harvard e exigiu que a instituição peça desculpas, em meio a uma escalada de tensões entre a Casa Branca e a universidade.
Segundo o USA Today, a ameaça foi feita em 15 de abril, um dia após o governo anunciar o congelamento de mais de US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 12 bilhões) em financiamento federal destinado à universidade.
Em uma publicação nas redes sociais, Trump afirmou que Harvard deveria ser tributada “como uma Entidade Política” caso continue promovendo o que chamou de “Doença inspirada/apoiada por questões políticas, ideológicas e terroristas”.
Assim como outras instituições sem fins lucrativos, Harvard é isenta de impostos federais e estaduais. De acordo com o USA Today, o presidente não tem autoridade direta para revogar esse status, mas há mecanismos legais na Receita Federal (IRS) que permitem reavaliar esse tipo de isenção. Um projeto de lei apresentado ao Congresso no ano passado visa ampliar a autonomia do presidente e do secretário do Tesouro nesse tipo de decisão.
A tensão aumentou após a universidade recusar uma lista de exigências do governo Trump, que incluía a proibição do uso de máscaras e o fim dos programas de diversidade, equidade e inclusão.
“A universidade não abrirá mão de sua independência nem de seus direitos constitucionais”, afirmaram os advogados de Harvard em carta ao governo.
A resposta de Harvard foi diferente da Universidade de Columbia, que, de acordo com o mesmo veículo, acatou exigências similares do governo e acabou demitindo seu presidente no fim de março.
Horas após a recusa de Harvard, a Força-Tarefa Conjunta de Combate ao Antissemitismo — uma entidade multiagência vinculada ao Departamento de Justiça — anunciou o congelamento de mais de US$ 2,2 bilhões (aproximadamente R$ 13 bilhões) em bolsas e contratos com a universidade.
A medida foi justificada pelo aumento de casos de antissemitismo no campus desde o início dos protestos pró-Palestina após o conflito entre Israel e Hamas.
Trump exige pedido de desculpas
De acordo com o The Economic Times, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que o presidente Trump quer que Harvard se desculpe.
“O presidente foi bastante claro: eles devem seguir a lei federal. E Harvard deveria se desculpar pelo flagrante antissemitismo ocorrido em seu campus contra estudantes judeus-americanos”, afirmou a porta-voz.
Harvard rejeitou na segunda-feira (14) inúmeras exigências do governo Trump, que disse que cederia o controle da escola a um governo conservador que retrata as universidades como perigosamente esquerdistas.
Ainda segundo o USA Today, na semana anterior, um grupo de professores de Harvard entrou com uma ação judicial contra o governo Trump, após o anúncio de uma revisão de US$ 9 bilhões em contratos e concessões firmados com a universidade.