Morning Call: Mercados em queda escalam guerra comercial com retaliações às tarifas dos EUA

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, seguiu na contramão dos índices globais que colapsaram após as tarifas recíprocas de Trump e encerrou o pregão desta quinta-feira (3) próximo da estabilidade. O índice registrou leve queda de 0,04%, aos 131.140,65 pontos e um volume financeiro de R$ 28 bilhões.

O desempenho do Ibovespa foi sustentado principalmente com suporte dos bancos. Itaú registrou alta de 1,78%, enquanto Bradesco avançou 1,88% (ON) e 1,92% (PN) e o Santander teve uma valorização de 1,40%.

Por outro lado, a Petrobras teve quedas de 3,53% (ON) e de 3,23% (PN), acompanhando a desvalorização do petróleo, que afundou mais de 6% nas bolsas de Londres e Nova York. A Vale, ação de maior peso no índice, teve baixa de 3,62% na sessão.

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No cenário internacional, o dia já iniciou agitado, com o anúncio de retaliação da China às tarifas dos Estados Unidos (EUA). O país asiático anunciou tarifas adicionais de 34% sobre importações norte-americanas, acirrando ainda mais a guerra comercial.

Até o momento, o Canadá impôs tarifas de 25% sobre veículos dos EUA; a Espanha anunciou pacote de €14,1 bi para apoiar empresas afetadas; o Japão exigiu revisão das tarifas pelos EUA e a França defendeu “retaliações massivas”, enquanto a União Europeia se mobiliza para em breve anunciar uma resposta à altura.

Além do cenário de retaliação às tarifas e colapso dos índices globais, o mercado também aguarda nesta sexta-feira (4) pela divulgação do relatório mensal de empregos dos EUA (payroll), que apontou a criação de 228 mil vagas em março, ante previsão de 137 mil; além do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.

No Brasil, o clima é mais ameno que no cenário externo, com a possibilidade de que essa crise comercial possa beneficiar os mercados brasileiros por meio da expansão da exportação para mercados atendidos por outros países, além de se tornar mais atrativo para o investimento estrangeiro.

No entanto, o governo se resguarda para uma possível negociação da sanção recebida de 10% sobre produtos exportados aos EUA e tem na manga o aparato da lei da reciprocidade. O presidente Lula disse que o governo está preparado para tomar todas as medidas necessárias para proteger os interesses nacionais diante das tarifas impostas.

Em meio a esse contexto de incertezas, o dólar abriu em alta de 1,85%, a R$ 5,73 e o dólar futuro avança 1,68%, a R$ 5,75. Os juros futuros recuam, assim como o Ibovespa futuro, em queda de 2%, aos 129.170 pontos.

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Manchetes desta manhã

  • Após tarifaço de Trump, cresce temor de recessão e bolsas dos EUA têm pior dia desde 2020 (Valor)
  • Tarifaço derruba mercados ante temor de crise global (O Globo)
  • China anuncia tarifas retaliatórias de 34% sobre importações dos EUA em escalada da guerra comercial (Folha)
  • Com orçamento restrito, IBGE anuncia ritmo de pesquisa vital para inflação (Valor)
  • Carrefour Brasil altera valores de proposta para deslistagem de ações na B3 (Valor)
  • STJ mantém multa de R$ 86 milhões aplicada à Vale (Valor)

Mercado global

As Bolsas da Europa estendem as perdas pós-anúncio das tarifas de Trump, com temor por recessão e ainda sem poder contabilizar a extensão do dano econômico causado pelas sanções comerciais dos EUA.

O JPMorgan aumentou a probabilidade de uma recessão global este ano para 60%, de 40% antes, impulsionada pelo choque econômico associado.

No setor corporativo, as ações da BP caem 5,21%, depois que Helge Lund anunciou decisão de deixar o cargo, com a transição prevista para ocorrer em 2026.

Os índices da Ásia encerraram a semana em forte queda atrelada às tarifas. O índice Nikkei atingiu o menor nível desde agosto do ano passado com impacto das tarifas, somado ao reflexo que isso pode ter na trajetória do juro básico do Banco do Japão (BoJ).

Ações de chips e financeiras lideraram as perdas no mercado asiático. Na China, as praças de Hong Kong e de Taiwan não operaram em função de feriado local.

Em Nova York, os índices futuros abriram em forte queda após as tarifas de Trump provocarem grande retração nos mercados e em meio à escalada das tensões comerciais e à expectativa pelos dados de empregos dos EUA.

Confira os principais índices do mercado:

• S&P 500 Futuro -2,3%
• STOXX 600 -4,2%
• FTSE 100 -3,4%
• Nikkei 225 -2,8%
• Shanghai SE Comp. -0,2%
• MSCI EM -0,6%
• Dollar Index +0,1%
• Yield 10 anos -14,1bps a 3,8879%
• Bitcoin +0,8% a US$ 83002,94

Commodities

  • Petróleo: Petróleo aprofunda perdas e deve registrar menor fechamento desde a pandemia. O brent/junho cai 6,19%, a US$ 65,80 e o WTI/maio cede 6,62%, a US$ 62,52. Os índices de referência caminham para suas maiores perdas semanais em termos percentuais no semestre.
  • Minério de ferro: o futuro do minério de ferro desvaloriza 1,5%, a US$ 100,35 a tonelada.
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Cenário internacional pós-tarifas dos EUA

Nos Estados Unidos, em meio ao contexto da guerra comercial, ontem Lisa Cook, dirigente do Fed, disse que vê menor crescimento nos EUA neste ano e maior inflação com tarifas e outras políticas. Já Trump, disse que estava aberto a reduzir tarifas se outras nações pudessem oferecer algo “fenomenal”.

Diante da pressão das tarifas na atividade americana e lucratividade das empresas, o Research do BTG Pactual reduziu o preço-alvo do S&P 500 de 6.500 para 5.800.

A agenda desta quinta-feira fica por conta do payroll e discursos do presidente do Fed, Jerome Powell, em evento às 12h25, além das falas de outros membros do Banco Central dos EUA.

Na próxima semana, agenda tem como destaques ata do FOMC na quarta-feira (9), inflação ao consumidor (CPI) de março dos EUA na quinta-feira (10) e inflação ao produtor (PPI) na sexta-feira (11).

Cenário nacional

No Brasil, a agenda segue tranquila de indicadores econômicos, com destaque apenas para a divulgação da balança comercial de março, às 15h.

No mais, o mercado segue de olho no exterior, após selloff (liquidação rápida de ativos) generalizado ontem com o aumento das tarifas pelo governo Trump.

O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, afirmou que a reunião técnica com os EUA será na próxima semana. Segundo ele, o governo não pretende usar a lei da reciprocidade e prioriza a negociação. Alckmin também afirmou que a decisão dos EUA enfraquece o multilateralismo e a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Na próxima semana, agenda tem como destaques as vendas no varejo de fevereiro na quarta-feira (9), volume de serviços na quinta-feira (10) e IPCA de março na sexta-feira (11).

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Destaques no mercado corporativo

  • Embraer: assinou memorando de entendimento com a empresa sul-africana Denel para cooperação na aeronave de defesa KC-390 Millennium.
  • Vale: o STJ manteve a multa de R$ 86 milhões à Vale por omitir informações sobre a estabilidade da barragem de Brumadinho, que rompeu em 2019.
  • Petrobras: Ibama solicitou informações adicionais sobre o Plano de Proteção à Fauna no bloco FZA-M-59.
  • Prio: produção total de petróleo atingiu 104,79 mil boepd em março, com queda de 3,47%, mas cresceu 22,3% no 1º trimestre de 2025.
  • Carrefour: elevou valor do resgate de ações para fechamento de capital, de R$ 7,70 para R$ 8,50.
  • Raízen: Baillie Gifford reduziu participação acionária para 9,91%, com 134,67 milhões de ações.

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