Portabilidade, mobilidade sempre foi algo almejado, desejado e ostentado, desde 1981, com o lançamento do Osborne 1, trambolho de 11Kg, sem bateria, com 64KB de RAM rodando em um processador Z80 a 4MHz.
- Palm Foleo obsoleto antes de chegar às lojas
- Palm agora é da China

Mobilidade não é tudo mas é 100% (Crédito: Arquivo pessoal)
De lá para cá o peso dos equipamentos diminuiu -ainda bem- e a portabilidade só aumentou. Nos Anos 80 tivemos o Walkman, rádios miniatura e até os incríveis rádios do tamanho de um cartão de crédito, como mostrado neste vídeo do Tecmoan.
No colégio, seu status social dependia de você ter minigames e gadgets como relógio-calculadora, o terror dos professores, que insistiam que no futuro não teríamos uma calculadora sempre à mão. Coitados.
Também eram populares as canetas-relógio, eu tinha uma e não vou deixar de tirar essa onda!

Tirava muita onda. O esquisito é que eu tinha relógio. (Crédito: Reprodução Internet)
Durante algum tempo foram vendidas por aqui TVs portáteis, do tamanho de um gravador K7 pequeno, com uma imensa antena telescópica e um lixo de recepção. Era o típico gadget que a gente comprava e nunca usava, e esse era um dos sinais de que portabilidade tinha seus limites.

Era um senhor símbolo de status, mas um porre pra se usar. (Crédito: Reprodução Internet)
Quando notebooks começaram a ser vendidos a preços decentes, todo mundo comprou o seu, com a idéia de poder trabalhar durante viagens, e eram realmente úteis, mas a gente usava bem menos do que alardeava, pois mesmo um notebook pequeno acaba pesando na mochila.
Eis que surge o Palm Pilot
Os PDAs foram revolucionários em sua simplicidade; funcionando com pilhas palito que duravam semanas, tinham as capacidades mínimas de um equipamento de computação. Sem acesso internet, apenas sincronizando com o PC via porta serial, eram companheiros perfeitos para longas viagens, podíamos levar livros, ouvir música (se fosse um Sony Clié com chip de MP3) e escrever textos usando a canetinha, ou, se fosse o caso, o teclado Bluetooth ou Infravermelho.
Era o auge da portabilidade, um PDA que cabia no bolso, um teclado dobrável que cabia no outro bolso, ninguém podia pedir mais que isso.

Palm Tungsten T3 e Motorola V3, a combinação mobile perfeita. E caaaaara. (Crédito: Arquivo Pessoal)
Agora a confissão: Eu sempre fui um grande evangelista da portabilidade, mas, na prática usei pouquíssimo meus PDAs para produção de conteúdo. Embora os teclados funcionassem, eles eram pequenos, meio desconfortáveis para quem tem mão grande, e o Palm era essencialmente monotarefa. Era ótimo para escrever texto, mas mesmo que fosse um modelo avançado como o meu amado Dell Axim X51v, rodando Windows Mobile, com direito até a WIFI, a velocidade do equipamento deixava a desejar, e Windows Mobile ainda era Windows demais para um equipamento portátil. Os PDAs acabaram como equipamentos de consumo de conteúdo, o grosso da geração ainda era feito no notebook, que ainda acompanhava em viagens, meu workflow não era viável sem um computador “de verdade”.
Editar fotos, compor artigos e postar no WordPress, isso tudo era quase doloroso de fazer em equipamentos portáteis, e por muito tempo, mesmo com smartphones, ainda era basicamente inviável.

A realidade da portabilidade: A gente fazia a maior parte do trabalho no notebook mesmo. (Crédito: Arquivo Pessoal)
A chegada de celulares realmente potentes tornou a execução de tarefas mais complexas possíveis, a idéia de andar sem notebook passou a ser viável, talvez fosse o momento de aposentá-lo, como aposentamos a máquina fotográfica.
A grande revolução surgiu em 2001, quando apareceu o protocolo USB-OTG, On-The-Go, ou USB Host. Pela primeira vez celulares deixaram de ser unidirecionais, eles passaram a reconhecer periféricos como teclados, mouses, pendrives.
Mais tarde surgiriam os docks, para que você atulhe seu celular de periféricos, sem precisar de um bolo de cabos. No momento uso um da Baseus extremamente portátil, com duas portas USB 2.0, uma 3.0, uma saída HDMI 4K, entrada USB-C para carga e leitor SD/MicroSD.

Danado de bom esse dockzinho. (Crédito: Reprodução Internet)
O S23FE, e outros Samsungs mid e high-end usam uma interface desktop quando conectados a um monitor, e a experiência é basicamente a de usar um desktop. Caso você não queira usar um monitor, a simples adição de teclado / mouse torna a entrada de dados muito mais eficiente, mantendo a portabilidade.
Em Busca do Teclado Ideal
Quem me conhece sabe que sou a Imelda Marcos (Pergunte ao Grok) dos teclados. Já joguei fora mais teclados do que uma pessoa normal compraria durante toda a vida. Com portáteis não é diferente.
Um dos melhores foi um teclado da Apple que caiu do caminhão e achei a um preço excelente, por não ter a logo da Apple (um velho esquema de OEMs), mas a conexão Bluetooth era muito errática.
Com o passar dos anos comprei muitos teclados portáteis baratos, até um “da casa”.

Mobilon jura que não é uma parceria com a Ali Express… (Crédito: Arquivo Pessoal)
Ainda assim eu queria mais portabilidade, então depois de algum tempo namorando teclados ultra-portáteis, escolhi um modelo dobrável. (Não acredite na foto do anúncio, é mentira)
Apesar de ser um genérico xing-ling, é xing-ling premium. Dobrando no sentido da altura, o teclado se mantém firme em superfícies planas, sem a tendência de dobrar no meio como os teclados que dobram na horizontal.
Seis fileiras de teclas, bateria interna que dura uma eternidade, carregamento via USB-C, é um primor de portabilidade.

O tecladinho é bonito, e vem com suporte para tablet ou celular. (Crédito: Divulgação)
Com um comprimento de 23cm, achei mais que adequado, mas depois achei foi pouco. É definitivamente espremido demais para quem tem mão grande.
Depois de configurar (ainda é chatinho) o celular para acentuar corretamente, comecei a escrever um texto para testar o teclado, e aí percebi que havia caído -de novo- na armadilha da ultraportabilidade.
O teclado é excelente, mas não para mim. Ele é… apertado. Você tem que fazer pose de coelhinho para digitar, colando as mãos juntas. As teclas são menores e mais próximas, parece um teclado feito para crianças.
Não estou descartando, em situações onde espaço é premium, eu levaria e levarei tranquilamente esse teclado comigo, mas em termos de produtividade, ele não é uma boa escolha.
O Caminho do Meio
Decidi ir até o fim e resolver de vez meu problema de portabilidade. Depois de pesquisar por mais alguns dias, achei um teclado de “marca” que não é tão portátil quando o anterior, mas é portátil o suficiente.
Este teclado VINIK (quem?) tem o tamanho de um teclado normal, mas é bem mais fino. Funciona com Bluetooth, usa pilhas comuns (o vendedor mandou uma cartela com 4!), é ABNT2, com cedilha e acentos, e vem com uma ranhura para encaixar celular ou tablet.

Esse sim! (Crédito: Divulgação)
Sim, ele é mais pesado (459g x 256g do anterior) mas ocupa pouco espaço na mochila. O conforto da digitação não tem preço, já redigi textos inteiros nele, com ganho real de produtividade, já que escrevendo no celular fica mais complicado peruar pelo Twitter ao invés de trabalhar.
E com recursos de divisão de tela, é possível rodar uma aplicação de IA ao lado do Word, é uma total mão na roda para pesquisas e consultas rápidas.
Conclusão
Portabilidade é uma meta a ser almejada, mas é preciso ser realista; se algo é portátil demais, mas a experiência de uso é ruim, vai acabar não sendo usado, sua produtividade vai cair e os benefícios da portabilidade cessarão.
Não foque na portabilidade pela portabilidade. Planeje seu setup de acordo com seu conforto. Relógios-calculadoras eram ótimos para tirar onda, mas basicamente ninguém usava, era a treva ficar apertando os botões com a tampa da caneta.
O menor e mais portátil sistema do mundo de nada vale se não te atende. Às vezes um tablet é menos portátil e pode te dar muito mais conforto do que o celular. Em outros casos pode ser que a melhor solução ainda seja um notebook. Não se deixe levar pelo hype.
A insidiosa armadilha do excesso de portabilidade