Brasil investe R$ 59,2 bi para reduzir dependência de indústria farmacêutica estrangeira

O governo federal realizou um investimento de R$ 59,2 bilhões para reduzir a dependência externa da indústria farmacêutica, atualmente dependente em 95% da importação de Farmacêuticos Ativos (IFAs) utilizados na produção de medicamentos, assim como das fases iniciais de testes para o desenvolvimento de produtos para o setor, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi).

Segundo o Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, esse investimento, previsto para até 2026, visa fortalecer a produção nacional e reduzir a vulnerabilidade do país na cadeia de suprimentos.

O objetivo é que o Brasil produza 50% dos insumos necessários até o fim do ano que vem. No longo prazo, a meta é alcançar 70% de independência até 2033.

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Desafios da indústria farmacêutica no Brasil

Durante o IV Seminário Internacional de IFA Latam, que reuniu especialistas, representantes do governo e empresas do setor, Carla Reis, chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde no BNDES, destacou que fatores como instabilidade geopolítica, mudanças climáticas e inovação tecnológica impactam diretamente a organização das cadeias produtivas globais e da indústria farmacêutica como um todo.

Esses elementos, segundo ela, tornam essencial a formulação de políticas industriais para fortalecer a produção local, enquanto a saúde é setor estratégico nas políticas industriais de países como Estados Unidos, China e Índia e o Brasil segue sem representatividade no mercado de CMO (fabricação de produtos farmacêuticos por contrato).

Nesse ponto, flexibilidade e adaptação são apontados como os maiores desafios, impactando na baixa produtividade e retorno financeiro. Segundo Carla Reis, ainda há tempo para o Brasil se estabelecer nesse mercado e recuperar o atraso do país em relação aos projetos globais.

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Reis destaca, ainda, que o Brasil enfrenta desafios tanto no combate a doenças crônicas, comuns em países desenvolvidos, quanto na redução do passivo de doenças preveníveis.

Outro fator que pesa contra a expansão da indústria farmacêutica brasileira neste momento, são as tarifas sobre importações decorrentes das últimas políticas comerciais dos EUA, que também dificultam o custo acessível para a aquisição de insumos.

Iniciativas do governo e do BNDES para o setor farmacêutico

O governo federal e o BNDES estão implementando medidas para impulsionar o setor farmacêutico. Entre os principais programas e instrumentos de financiamento, destacam-se:

  • BNDES Mais Inovação: financiamento direto para empresas, com valores a partir de R$ 20 milhões (R$ 10 milhões para Norte e Nordeste) para pesquisa, desenvolvimento e plantas pioneiras de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) e biotecnologia.
  • Parceria BNDES-Embrapii: aporte de R$ 170 milhões em recursos não reembolsáveis (BNDES Funtech), alavancando R$ 510 milhões em investimentos para inovação tecnológica, atuando em sete frentes: transformação digital, economia circular, materiais avançados, novos biocombustíveis, bioeconomia florestal e tecnologias estratégicas para o SUS.
  • Fundo de Investimento em Participações (FIP): destinação de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões para startups do setor de saúde com alto grau de inovação (deep tech), com participação de investidores privados, públicos e entidades multilaterais.
  • Linha de crédito para máquinas e serviços: financiamento ágil para a compra de equipamentos e modernização produtiva.
  • BNDES Finem: crédito voltado para construção, ampliação e modernização de fábricas, além de financiamento de exportação.

Investimentos no Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS)

O CEIS é uma estratégia do governo para fortalecer a produção nacional e reduzir a dependência externa. Entre as medidas adotadas estão o aporte total de R$ 57,4 bilhões, assim divididos por setor:

  • R$ 30 bilhões do Ministério da Saúde para fortalecimento da capacidade produtiva
  • R$ 5,5 bilhões do BNDES para créditos voltados à inovação e produção
  • R$ 3,5 bilhões da Finep (MCTI) para investimentos em pesquisa e desenvolvimento
  • Novo PAC – CEIS: investimento público de R$ 8,9 bilhões entre 2026 e 2027, representando o maior aporte da história para inovação e produção nacional, distribuído da seguinte forma:
    • R$ 6 bilhões para seleção de instituições produtivas e tecnológicas
    • R$ 2 bilhões para o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde da Fiocruz (CIBS)
    • R$ 0,9 bilhão para a Hemobrás.

Entre 2023 e 2024, foram apoiados 42 projetos e 16 instituições, com um investimento total de R$ 4,2 bilhões. No novo ciclo de investimentos de 2025, no período de fevereiro a maio, já foi aportado R$ 1,8 bilhão.

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Crescimento da indústria de saúde

Em 2024, o BNDES registrou um volume recorde de financiamento para a indústria da saúde, com R$ 4 bilhões em projetos de crédito, sendo a maior demanda proveniente da linha de inovação.

O banco também apoia a construção de novas infraestruturas para fortalecer a produção nacional. Um exemplo é o novo campus Bio-Manguinhos, em Eusébio (CE), voltado para a nacionalização e produção de IFAs de biofármacos, com investimentos de R$ 510 milhões.

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