
Em pouco mais de uma década, a população da capital da Paraíba subiu 15% – o maior entre as principais cidades brasileiras. João Pessoa (PB) enfrenta o desafio de combater poluição causada por instalações clandestinas
Reprodução/TV Globo
Combater a poluição causada por esgoto clandestino é um dos desafios da capital que ganhou mais moradores na última década.
Há três dias ninguém toma banho em um trecho de mar do litoral da Paraíba.
“Está impossível de entrar aí na água”, afirma o surfista Ícaro Reis.
O rio que despeja a água turva e malcheirosa desde a segunda-feira (17) é o Jaguaribe. Ele corta 17 bairros da capital da Paraíba e deságua entre as praias do Bessa e Intermares, no limite com o município de Cabedelo. As duas praias estão poluídas. A superintendência de Meio Ambiente do estado não recomenda o banho no local e está analisando o que causou o problema.
“Existindo esse esgoto dentro dessa água, a gente vai investigar a origem disso. É um trabalho que tem que ser feito para identificar quem está fazendo esse lançamento clandestino e aí tomar as providências que são cabíveis”, diz Marcelo Cavalcanti, superintendente da Sudema.
Uma espuma e peixes mortos também apareceram em outro trecho do rio. A fiscalização ambiental encontrou criação clandestina de porcos na margem.
Em pouco mais de uma década, a população de João Pessoa subiu 15% – o maior entre as principais cidades brasileiras.
Nesta quarta-feira (19), as análises também identificaram resíduos de produtos de limpeza, como detergente, e de higiene, como sabão e xampu, na água. Segundo a pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba, a infraestrutura não acompanhou esse aumento.
“É todo esgoto da cidade acaba chegando ao rio, principalmente o de Jaguaribe, porque é o rio que atravessa toda a cidade. Então, são 22 km, 20 km de esgoto nesse rio. E aí o resultado é isso, vai vir do rio ao estuário e do estuário ao mar”, explica Maria Cristina Crispim, professora do Departamento de Ciências Biológicas da UFPB.
Segundo o Instituto Trata Brasil, dos quase 90% de esgoto coletado na cidade, menos de 70% são tratados. A Companhia de Água e Esgoto da Paraíba disse que o percentual de esgoto tratado é maior: 89,5%.
Nesta quarta-feira (19), o governo do estado declarou que assinou convênios com a Agência Francesa de Desenvolvimento, para obras de saneamento, em Cabedelo, e com o Banco Mundial para ampliar as estações de tratamento de João Pessoa.
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