Volume de negociação da B3 atinge menor patamar dos últimos cinco anos

O Volume de negociação da Bolsa de Valores brasileira (B3) atingiu seu menor nível em 2024, com base nos últimos cinco anos. O volume médio diário negociado no mercado à vista foi de R$ 18,8 bilhões em todo o período. Em dólares, o valor foi de US$ 3,5 bilhões, o mais baixo desde 2018, segundo Einar Rivero, CEO da Elos Ayta.

Essa queda da liquidez reflete os desafios do mercado acionário brasileiro, impactado pela inflação persistente e juros elevados, que tornam a renda fixa mais atrativa.

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Segundo Rivero, “a bolsa acaba sendo uma tabela de confiança que os investidores internacionais e domésticos têm em relação à economia”.

Movimento atípico afeta o volume de negociação

A liquidez reduzida na B3 preocupa investidores. Atualmente, apenas 94 das 460 ações listadas possuem volume diário acima de US$ 5 milhões, critério comum para atrair investidores estrangeiros.

Um levantamento conduzido pela consultoria Elos Ayta revela que, dos 250 pregões realizados no ano passado, apenas 123 tiveram retornos positivos, o equivalente a uma fatia de 49,2%, menor proporção já registrada desde 2015.

Segundo Einar Rivero, atualmente ocorre um movimento atípico na B3, no qual os índices sobem fortemente, na contramão do volume financeiro, enquanto deveriam seguir no mesmo sentido.

Tal fenômeno, segundo ele, pode ser atribuído a fatores como o controle do índice por poucos players, a baixa volatilidade do mercado e pela saída massiva de investimento estrangeiro em 2025, que está retornando aos poucos este ano.

Rivero pontua a liquidez como termômetro da eficiência do mercado. Segundo ele, quanto maior o volume de negociações, mais fácil é para um investidor entrar ou sair de uma posição sem distorcer o preço do ativo.

Fatores da queda do volume de negociação

Em janeiro de 2024, a B3 registrou seu menor volume em dólares desde 2018. Ajustado pela inflação, o volume médio de 2024 é similar ao de 2018, com queda de 12,3% em relação ao ano anterior. Especialistas apontam fatores internos e externos para a queda da liquidez:

  • Juros elevados no Brasil: a alta da Selic torna os investimentos de renda fixa mais atraentes que a bolsa.
  • Aumento dos juros nos EUA: o aperto monetário do Federal Reserve atrai capital estrangeiro para títulos do Tesouro americano.
  • Incertezas econômicas e políticas: mudanças na política fiscal e preocupações com contas públicas impactam a confiança dos investidores.
  • Concorrência de novos mercados: fintechs, criptomoedas e mercados internacionais disputam o capital dos investidores.

Saída de investidores estrangeiros

A retirada de capital estrangeiro da B3 resultou em um saldo negativo de R$ 24,2 bilhões em 2024. Segundo Rivero, esse movimento reflete tanto a confiança dos investidores na economia brasileira quanto fatores externos, como a política monetária dos EUA.

O Ibovespa também mostrou instabilidade. Em 2024, apenas 49,2% dos pregões tiveram resultado positivo, sendo este o menor percentual desde 2015.

Renda fixa ganha espaço na Bolsa

Com a taxa Selic em patamar elevado, o mercado de renda fixa registrou crescimento. O volume de emissões públicas de títulos de dívida corporativa na B3 cresceu 76% em 2023, alcançando R$ 608,1 bilhões.

As debêntures foram o destaque, com avanço de 107% e captação de R$ 465,8 bilhões. Outros instrumentos, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e notas comerciais, também cresceram no período.

Como nova iniciativa para aumentar a liquidez da Bolsa, a B3, com apoio da XP, anunciou uma nova funcionalidade para a negociação de grandes volumes de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs).

A solução, disponível desde 20 de fevereiro, permite operações por meio das ferramentas Midpoint Order Book, Book of Block Trade (BBT) e Request for Quote (RFQ).

Segundo Natalia Bertinat, superintendente da B3, desde 2023 essas soluções movimentaram R$ 7 bilhões, reduzindo custos para grandes negociações. Agora, os FIIs também podem ser transacionados por esses mecanismos, ampliando a liquidez do setor.

Decisão do Carf impulsiona liquidez da B3

A B3 venceu uma disputa no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) sobre a amortização de ágio na incorporação da Bovespa Holding. A decisão, que envolvia um valor atualizado de R$ 5,77 bilhões, foi favorável à bolsa e não impactará suas demonstrações contábeis.

Com isso, as ações da B3 subiram 10,48% no pregão de quinta-feira (13), liderando os ganhos da Bolsa e movimentando R$ 1,26 bilhão no dia.

Nesta sexta-feira (14), às 16h30 (horário de Brasília), as ações da B3 (B3SA3) valorizavam 10,09%, negociadas a R$ 12,77.

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