Especialistas, ouvidos pelo g1 e a TV Tribuna, apontaram prováveis motivos da queda da aeronave, a partir da análise das imagens do acidente. A investigação do caso está a cargo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Vídeo flagra avião rodopiando e caindo em cima de aldeia indígena no litoral de SP
O avião modelo Cessna 150J, fabricado em 1969, caiu em parafuso sobre a aldeia indígena Awa Porangawa Dju, terra Indígena Piaçaguera. A pedido do g1 e TV Tribuna, afiliada da Globo, especialistas avaliaram o vídeo da queda da aeronave que aconteceu no último domingo (9) em Peruíbe, que resultou na morte do instrutor e deixou o aluno ferido.
Antes de apontarem possíveis causas que possam ter levado à queda, que está sendo investigada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), os especialistas destacaram que acidentes aéreos são resultado de uma cadeia de fatores interligados.
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A equipe de reportagem conversou com os Brigadeiros do Ar reformados Jorge Luiz Barros e Eduardo Zotti, enquanto o engenheiro aeronáutico Jorge Eduardo Leal concedeu entrevista à TV Tribuna.
Após analisarem as imagens, o trio apontou como possibilidade que a queda tenha ocorrido após a perda de sustentação ou de comando da aeronave. No entanto, destacaram que essas situações são apenas o desfecho de uma sucessão de fatores.
“Há uma sequência de coisas que acontecem, e que infelizmente levam a um acidente. A ideia é que, antes que o último aconteça, a gente evite o acidente”, explicou Zotti.
Na aviação, segundo Barros, essa sucessão de problemas é conhecida como “Teoria dos Dominós”.
A partir da imagem da queda em parafuso, na qual o avião parece rodopiar no ar, Barros apontou que o acidente pode ter ocorrido devido à perda de sustentação da aeronave.
Ele mencionou que isso poderia ser resultado de uma falha na potência do motor ou, alternativamente, de uma manobra até então controlada pelo instrutor durante um treinamento.
Avião rodopiou no ar antes de cair em cima de aldeia indígena em Peruíbe (SP)
Reprodução
Testemunhas ouvidas pela TV Tribuna disseram que viram o avião planando em baixa altitude com os motores desligados. Ao retomar a potência, no entanto, moradores contaram que o avião tentou subir, e entrou em parafuso.
“Dá para ver realmente com clareza que o avião caiu em parafuso. Ele estava sem velocidade, sem deslocamento. E o que faz o avião voar é energia, é o deslocamento horizontal, o que o ar passa pelo perfil das asas e faz com que o avião voe”, disse Barros.
Falha mecânica?
Os especialistas disseram que pode ter ocorrido a perda de comando da aeronave, devido a uma falha mecânica, o que provocou o descontrole. “Se por acaso rompeu um cabo, isso certamente o pessoal do Cenipa vai investigar”, destacou Leal.
Ainda segundo Leal, apenas a falta de potência não seria capaz de derrubar a aeronave. “Se o motor pifou, o avião tem condições de planar, isso é uma das primeiras coisas que se aprende a voar […] Qualquer avião é feito para voar sem motor”, destacou.
Avião cai em aldeia indígena e deixa um morto e um ferido no litoral de SP
g1
Zotti acrescentou que, a partir de imagens dos destroços, a tese de que o avião caiu após entrar em parafuso é reforçada. “Eles não estão espalhados […] Quando ele está em deslocamento à frente, ele bate aqui, bate ali, e os destroços ficam espalhados”, disse.
A investigação do acidente está sendo realizada pelo Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
O real motivo da queda, conforme os especialistas, deve ser revelado após a avaliação do órgão, que apontará as causas do acidente tanto devido a falhas mecânicas, quanto humanas. “Qualquer outra coisa que a gente falar, a gente está especulando”, disse Barros.
Bombeiros registraram destroços do avião que caiu em uma aldeia de Peruíbe (SP)
Corpo de Bombeiros SP
Investigação
Durante a investigação, são aplicadas técnicas específicas para coleta e confirmação de dados, preservação dos elementos, verificação inicial dos danos causados à aeronave ou pela aeronave, e pelo levantamento de outras informações necessárias à investigação.
Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou que a conclusão da investigação ocorrerá no menor prazo possível, porém depende da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes.
Assim que concluído, o órgão destacou que o relatório final será publicado no site do Cenipa, acessível a toda a sociedade.
Vítimas
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Peruíbe, o instrutor de voo morreu no local e o aluno dele foi encontrado ferido preso às ferragens, sendo encaminhado ao Hospital Regional Jorge Rossmann, em Itanhaém (SP).
Em nota, a assessoria do hospital informou que o paciente, de 24 anos, possui quadro de saúde estável e está recebendo o atendimento médico necessário.
Matheus Henrique Gomes de Toledo, o piloto de 25 anos que morreu no acidente, falou com a mãe pela última vez momentos antes da queda do avião. Uma captura de tela, obtida pelo g1 nesta terça-feira (11), mostra a conversa entre eles.
Aeronave que caiu na aldeia indígena em Peruíbe (SP). Imagem registrada em 2023.
Defesa Civil de SP
O resgate do sobrevivente durou aproximadamente três horas. O Corpo de Bombeiros informou ter deslocado 15 agentes em cinco viaturas para a ocorrência.
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