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O desenvolvimento dos medicamentos para perda de peso da classe dos agonistas de GLP-1, como o Ozempic, teve origem em pesquisas iniciadas na década de 1980, com estudos sobre venenos aplicados a pâncreas de cobaias. Uma das substâncias que levou à criação dessas terapias foi identificada no veneno do monstro-de-gila, um lagarto venenoso encontrado no sudoeste dos Estados Unidos.
O endocrinologista Daniel Drucker, que estudava o GLP-1, identificou que o veneno do monstro-de-gila continha uma proteína com propriedades semelhantes ao hormônio GLP-1 humano, estimulando a liberação de insulina pelo pâncreas.
“Imediatamente, percebemos que algo que estimula a secreção de insulina poderia ser usado para tratar o diabetes”, afirmou.
A pesquisa teve início com os estudos de John Raufman, que realizava testes dissolvendo venenos em água e aplicando-os em amostras de pâncreas de cobaias. “Pode ser bastante tedioso”, disse Raufman.
“A esperança é que, no final, se descubra algo interessante. E é ainda mais cansativo quando o experimento falha. Você pode fazer tudo isso e acabar sem nenhum resultado relevante”, declarou à rádio WHYY.
Segundo ele, a pesquisa não foi planejada para desenvolver um tratamento e, no início, os cientistas não imaginavam aplicações terapêuticas. “Pelo que me lembro, nunca testei isso em células humanas”, afirmou.
Estudos sobre o GLP-1 buscavam superar desafios como a rápida decomposição do hormônio e seus efeitos colaterais. A primeira terapia baseada em GLP-1 foi aprovada pela FDA em 2005.
O Ozempic e outros medicamentos semelhantes surgiram posteriormente, com efeitos adicionais como a redução do apetite e melhora de doenças metabólicas.
O financiamento de pesquisas científicas tem sido debatido nos Estados Unidos. Elon Musk criticou o apoio a determinados estudos, como experimentos com urina de lince em ratos, considerando-os um desperdício e até “pura maldade”.
Ao mesmo tempo, ele defende a acessibilidade dos medicamentos agonistas de GLP-1, que derivam de estudos financiados pelo governo.
Pesquisadores afirmam que o tipo de estudo que levou ao desenvolvimento desses medicamentos talvez não recebesse financiamento atualmente.
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“É muito raro que uma pesquisa siga esse caminho e resulte em algo tão relevante. Na maioria das vezes, é uma combinação de sorte, inteligência e intuição para fazer os experimentos certos”, afirmou Raufman.
“Ninguém sabia onde isso nos levaria, e muitos dos cientistas envolvidos infelizmente já faleceram, sem ver os desdobramentos dessa descoberta.”