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Filme conta a história real da família do ex-deputado Rubens Paiva, preso, torturado e assassinado durante a Ditadura Militar em 1971. Laboratório é o único da América do Sul que oferta o serviço. Paranaenses contribuíram com o filme “ainda estou aqui”
A técnica usada para desenvolver os slides de fotografias que aparecem no filme “Ainda Estou Aqui”, indicado a três categorias do Oscar, foi desenvolvida pelo Laboratório Lab:Lab Analógico, de Curitiba. O processo, que é o oposto da digitalização de filmes analógicos, foi desenvolvido depois de mais de dois anos de pesquisas conduzidas pelo laboratorista fotográfico Vitor Lopes Leite.
A premiação ocorrerá neste domingo (2) em Los Angeles, nos Estados Unidos. Fernanda Torres, protagonista no filme, concorre na categoria Melhor Atriz.
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O longa, inspirado no livro de mesmo nome do autor Marcelo Rubens Paiva, conta a história real da família do ex-deputado Rubens Paiva, preso, torturado e assassinado durante a Ditadura Militar em 1971.
Os slides preparados pela equipe do laboratório da capital paranaense foram usados em uma cena na qual Eunice Paiva, especialista em direito indígena, dá aulas sobre o tema. Além disso, a equipe produziu as imagens nas quais os atores refizeram fotos famosas da família Paiva, que foram também utilizadas na divulgação do filme.
Slides preparados pela equipe do laboratório da capital paranaense foram usados no filme Ainda Estou Aqui
Lab:Lab Analógico
Segundo Vitor Lopes Leite, o pedido da produção do filme chegou em setembro de 2023. Depois disso, foram duas semanas de testes, somados a uma pesquisa que já se estendia há cerca de um ano e meio.
“Foi muito legal porque a gente recebeu um e-mail da produção do filme e já tinha um pedacinho do roteiro. A gente não sabia exatamente o que era, mas a gente já teve acesso aquelas fotos, que foram usadas na divulgação, com o Selton Mello e com a Fernanda Torres. Então foi muito legal, porque um e-mail do Walter Salles não é todo dia que a gente recebe”, relata Vitor.
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Processo é o oposto da digitalização de filmes analógicos
Vitor trabalhando no processo de ‘gravação de filme’ para Ainda Estou Aqui
Lab:Lab Analógico
Conforme o laboratorista fotográfico, o processo usado na produção de imagens é feito por apenas três laboratórios em todo o mundo, sendo o Lab:Lab o único a ofertar o serviço na América do Sul.
No processo, chamado de “gravação de filme”, as imagens passam por um tratamento oposto da digitalização de filmes analógicos.
Originalmente, a conversão das imagens digitais para o analógico envolve seis banhos com substâncias químicas. Porém, conforme Vitor, um produto usado em uma das fases do tratamento passou a ser controlado pela Polícia Federal.
Por conta disso, o laboratório curitibano ficou sem ofertar o serviço por um período. Para contornar a situação, entre 2018 e 2019, Vitor desenvolveu uma fórmula própria, chamada de LL-4, que utiliza outros químicos permitidos e possibilitou ao Brasil a volta da revelação desse tipo de filme.
Para “Ainda Estou Aqui”, as fotos digitais foram gravadas no modelo de filme colorido positivo – o mesmo que é visto em monóculos, por exemplo – reveladas na fórmula LL-4 e montadas em slides.
Além disso, os slides passaram por um tratamento para que ficassem com o aspecto de envelhecidos. As imagens reconstituídas da família Paiva chegaram em películas ao laboratório e, por aparecem no final do longa-metragem, as fotos teriam que aparecer “degradadas”.
“A gente teve que dar um toque a mais para essas fotos parecerem degradadas pelo tempo. Tem um desvio de cor, algumas são amareladas, outras azuladas, para ter esse impacto de foto de época”, relata.
Vitor trabalhando no processo de ‘gravação de filme’ para Ainda Estou Aqui
Lab:Lab Analógico
O processo de criação das imagens passou por diversos testes. Depois de erros e acertos, a equipe chegou ao resultado esperado.
“Algumas fotos ficaram estouradas, super brancas, outras subexpostas, que são fotos bem escuras que a gente não consegue ver os detalhes. Mas no final das contas, a gente chegou em resultados muito bons que pareciam que foram tiradas com esse filme”, conta Vitor.
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Outros paranaenses na produção
Murilo Hauser, Heitor Lorega, Marjorie Estiano, Lourinelson Vladmir, Otávio Linhares e Luiz Bertazzo também participaram da produção
Arquivo Pessoal, Adam Scheffel/RBS TV, Renato Amoroso/Divulgação, Redes Sociais, Divulgação
Além da equipe do Lab:Lab, outros paranaenses participaram, de alguma forma, do filme.
A obra conta com o roteiro adaptado de dois curitibanos: Murilo Hauser e Heitor Lorega.
“Ainda Estou Aqui” também tem quatro atores curitibanos no elenco: Marjorie Estiano, Lourinelson Vladmir, Otávio Linhares e Luiz Bertazzo.
Indicação ao Oscar
Filme “Ainda Estou Aqui”, direção Walter Salles
Reprodução
“Ainda Estou Aqui” foi indicado à principal categoria do Oscar 2025, de Melhor Filme. Foi a primeira vez na história que um filme brasileiro entrou na disputa a maior categoria do Oscar.
A produção também tem outras duas indicações: Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Torres). O filme é uma produção original Globoplay.
*Com colaboração de Matheus Karam, estagiário do g1 Paraná, com supervisão de Mariah Colombo e Caio Budel.
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