O jornalista William Bonner revelou no programa “Altas Horas” que foi colega de classe na universidade de Marcelo Rubens Paiva, autor de “Ainda Estou Aqui”, livro que baseou o filme homônimo. O âncora do Jornal Nacional declarou que ele e o escritor cursaram a Escola de Comunicação e Artes (ECA), da USP, no início da década de 1980. “Frequentei a casa do Marcelo para fazer trabalhos de faculdade”, contou Bonner.
Na entrevista, Bonner relatou ter conhecido Eunice Paiva, mãe de Marcelo e que é a personagem central da história de “Ainda Estou Aqui”. Seu marido, Rubens Paiva, foi detido, torturado e assassinado por agentes da ditadura militar em 1971. “O filme é incrível, quem não viu ainda deveria fazer isso quanto antes”, enalteceu o jornalista. É a primeira vez que um filme brasileiro recebe uma indicação na principal categoria do Oscar, a de Melhor Filme. O drama musical francês “Emilia Pérez”, com 13 indicações, foi o recordista de menções. Na categoria Melhor Filme Internacional, “Ainda Estou Aqui” disputa a estatueta com “A Garota da Agulha” (Dinamarca), “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha), “Emilia Pérez” (França) e “Flow” (Letônia). Na história do Oscar, o Brasil foi indicado outras quatro vezes nessa categoria, mas não conquistou a premiação – “O Pagador de Promessa” (1963), “O Quatrilho” (1996), “O Que é Isso, Companheiro?” (1998) e “Central do Brasil” (1999). Desde então, o filme entrou em um período de campanha para ser escolhido pela Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood. O longa-metragem estreou nos cinemas brasileiros no dia 7 de novembro.Antes, no início de setembro, o filme, que é uma produção original Globoplay, estreou com momentos de emoção no Festival de Cinema de Veneza.Os atores Selton Mello e Fernanda Torres não conseguiram conter as lágrimas com a recepção calorosa do público após a exibição do longa.Após o término da sessão, a produção brasileira foi aplaudida de pé por 10 minutos.Apesar disso, o longa brasileiro levou para casa o prêmio de Melhor Roteiro do festival da cidade italiana.No dia 5 de janeiro, Fernanda Torres conquistou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz de Drama, façanha inédita para uma brasileira.Rubens Paiva (marido de Eunice) foi preso durante o regime militar no Brasil e teve o mandato de deputado cassado no início da década de 1970.O filme conta com um elenco de peso. Além das duas Fernandas, Selton Mello, Marjore Estiano, Humberto Carrão e Dan Stulbach também estrelam o longa.O processo de realização do filme levou cerca de sete anos. O diretor Walter Salles chegou a frequentar a casa onde Rubens Paiva vivia antes de ser levado pelos militares e fez questão de conhecer sua família.O filme recebeu inúmeros elogios da imprensa internacional. Um deles foi direcionado à atuação de Fernanda Torres.Ele nasceu em 26 de dezembro de 1929, em Santos, no litoral de São Paulo, e desapareceu em janeiro de 1971, após ser preso por agentes da repressão.Rubens Paiva era deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e se destacou como um dos opositores do golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart. Com a implantação do regime militar, ele teve seu mandato cassado e foi exilado no exterior por um período. Ao retornar ao Brasil, continuou a se posicionar contra o governo militar.Em janeiro de 1971, Paiva foi preso em sua casa no Rio de Janeiro por agentes do DOI-CODI, um órgão de repressão da ditadura. Após sua prisão, ele desapareceu, e as autoridades nunca admitiram oficialmente seu paradeiro ou destino. Anos depois, investigações apontaram que ele foi torturado e morto nas dependências militares. Seu corpo nunca foi encontrado, e seu caso permanece como um símbolo das atrocidades cometidas durante a ditadura militar no Brasil.