Consumo das famílias cai em fevereiro, com destaque para bens duráveis

Após dois meses de crescimento, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou queda de 0,2% em fevereiro, atingindo 104,5 pontos, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O principal fator para a retração foi a redução no consumo de bens duráveis, que caiu 1,6% no mês e 4,8% no comparativo anual, refletindo o impacto dos juros elevados e a cautela dos consumidores diante do crédito mais restrito.

No comparativo com fevereiro de 2024, o índice também sofreu queda anual de 1,1%, evidenciando um cenário de menor otimismo entre os consumidores. Segundo o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, as dificuldades para a compra de bens duráveis já são perceptíveis, o que deve levar a uma retração no comércio nos próximos meses.

A pesquisa revela que tanto as famílias de maior renda quanto aquelas que ganham até dez salários mínimos reduziram sua intenção de compra, com quedas de 0,5% e 0,2%, respectivamente. Além disso, a perspectiva de consumo para os próximos três meses caiu 2,2% para as famílias de maior renda e 1% para as de menor renda, indicando um cenário mais contido no médio prazo.
A seletividade do crédito também tem sido um fator decisivo para a desaceleração do consumo. Enquanto o acesso ao crédito caiu 0,4% para as famílias de maior renda, ele subiu na mesma proporção para os consumidores com menor poder aquisitivo, revelando uma estratégia diferenciada das instituições financeiras ao direcionar empréstimos.

Segundo o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, o impacto dos juros altos é mais evidente entre as famílias de maior renda, que costumam recorrer ao crédito para adquirir bens de maior valor. “Apesar de a maioria dos componentes do ICF apresentar alta, os bens duráveis sofreram a maior queda, evidenciando que o consumidor está mais cauteloso”, afirma Tavares.

Menos otimistas
A pesquisa também revela um maior pessimismo entre os homens, cuja intenção de compra caiu 1,4% na variação anual, enquanto entre as mulheres a queda foi menor, de 0,4%. No entanto, as consumidoras demonstraram uma perspectiva de consumo mais positiva para os próximos meses, com alta de 1,1% em relação a fevereiro de 2024, ao contrário dos homens, cuja expectativa caiu 2,2% no mesmo período.
Apesar da desaceleração no consumo, o cenário do mercado de trabalho apresentou sinais de melhora. Após quatro meses consecutivos de queda, o indicador de emprego atual subiu 0,2%, refletindo uma leve melhora na percepção de estabilidade no trabalho. Além disso, a perspectiva profissional, que mede as oportunidades futuras no mercado de trabalho, avançou pelo quinto mês seguido, com alta de 0,4%.
Com a taxa de juros ainda elevada e a inflação impactando o poder de compra, o consumo das famílias pode continuar pressionado nos próximos meses. No entanto, a recuperação gradual do mercado de trabalho pode ajudar a frear a desaceleração e estimular um novo ciclo de crescimento no segundo semestre.

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