Nos últimos meses, os brasileiros têm sentido no bolso o impacto de mais um aumento expressivo no preço dos ovos. O produto, considerado uma das principais fontes de proteína para milhões de famílias, especialmente as de menor renda, registrou alta significativa nos supermercados e feiras em todo o país, aumentando cerca de 40%, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Mas o que está por trás dessa disparada nos preços?
O aumento no preço dos ovos é resultado de uma combinação de fatores que pressionam os custos de produção e distribuição. Entre os principais motivos, destacam-se a alta no preço da ração. A alimentação das galinhas representa cerca de 70% do custo de produção dos ovos. Com a valorização do milho e da soja, que são os principais ingredientes da ração, os produtores enfrentam dificuldades para manter os preços estáveis. Outro fator é a onda de calor extremo. O Brasil tem registrado temperaturas recordes, afetando diretamente a produção. O estresse térmico reduz a capacidade das galinhas de botar ovos, resultando em menor oferta no mercado.
Foi o que disse Tabatha Lacerda, diretora administrativa do Instituto Ovos Brasil. “Há uma questão climática envolvida, já que o calor diminui a produção entre 5% e 10%, podendo chegar a 15% em algumas localidades, mas que, se houver uma baixa no preço da carne bovina, o dos ovos também tende a baixar, com exceção do período da Quaresma”. A diretora disse ainda que está feliz com o aumento da demanda por ovos, que neste ano deve ser de 272 por pessoa. No ano passado foram 242. Essa maior procura também pressiona os preços. Os custos logísticos elevados são outro fator a ser considerado.
A projeção, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), é que a demanda caia ao longo da Quaresma, quando as pessoas consomem menos ovos no Brasil, levando a crer que a atual alta da cartela de ovos é sazonal, e que os preços tendem a baixar. “A alta no preço dos ovos afeta principalmente as famílias de baixa renda, que já sofrem com a inflação de itens essenciais da cesta básica. Para muitos, os ovos são a principal fonte de proteína acessível. O impacto também é sentido no setor de panificação e na indústria alimentícia, que dependem do produto em larga escala”, lembrou o economista Helder Cavalcante.
Perspectivas para o futuro
Especialistas apontam que os preços podem continuar altos no curto prazo, especialmente se as condições climáticas não melhorarem. Medidas de incentivo à produção e o monitoramento dos estoques de grãos podem ajudar a amenizar o impacto da crise, mas a solução definitiva depende de uma estabilização dos custos ao longo da cadeia produtiva.
Enquanto isso, segundo Cavalcante, consumidores seguem buscando alternativas e estratégias para driblar os aumentos, recorrendo a promoções e reduzindo o consumo do produto. A crise dos ovos é mais um reflexo das dificuldades econômicas que o país enfrenta e reforça a necessidade de políticas públicas para garantir o acesso a alimentos básicos de qualidade.
Os Estados Unidos também enfrentam uma crise no preços dos ovos. Em alguns locais, uma dúzia de ovos brancos passou a ser encontrada por US$ 9,99, o equivalente a R$ 57. Entre os meses de dezembro e janeiro, o preço dos ovos passou por um crescimento de cerca de 15%.
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