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Paciente foi localizado em Matão (SP) após filho ver entrevista na TV. Estado vai investigar todas as unidades que são geridas por Organização Social de Franca. MP apura. Sobe para 13 o número de pacientes que perderam a visão em cirurgia de catarata
Subiu para 13 o número de pacientes que tiveram perda parcial ou total da visão após um mutirão de catarata no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Taquaritinga (SP). A nova vítima é um morador de Matão que perdeu a visão de um olho após o procedimento.
A Secretaria de Saúde do Estado vai investigar todas as unidades que são geridas pela Organização Social Santa Casa de Franca, entre elas o AME de São Carlos. A promotoria também investiga o caso.
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A equipe médica trocou o soro por clorexidina, uma substância que faz limpeza de pele, mas que não pode entrar em contato com os olhos. Os profissionais foram afastados dos cargos.
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ENTENDA: O que se sabe sobre o caso dos pacientes que perderam a visão após mutirão de cirurgia de catarata
Nova vítima de Matão
O aposentado José Bernardino dos Santos, de 88 anos, também perdeu a visão em mutirão de catarata em Taquaritinga
Wesley Almeida/EPTV
O aposentado José Bernardino dos Santos, de 88 anos, foi operado no mutirão realizado em outubro do ano passado. “Perder um olho, uma vista, não é fácil. Porque eu fui para operar catarata, não fui para cegar meu olho. Ele [médico] garantiu. Falou: ‘pode ficar firme, o senhor vai sair daqui bonzinho. Agora depois que ele mexeu, aí acabou. Aí desgraçou meu olho”, afirmou.
O filho do José, o auxiliar de produção José Carlos dos Santos conversou com o médico que fez a cirurgia.
“Com uns 10 minutos dentro da sala de cirurgia, foi quando o médico saiu e me chamou do lado. Ele falou assim: “Olha, eu não posso continuar cirurgia”. Aí eu falei: “Por que”? Ele falou: “Porque a catarata do seu pai tá muito mole e tem um risco de dele perder a visão”‘, lembrou.
“Foi quando eu questionei: ‘como o senhor vem falar isso agora, justo na hora da cirurgia?’ Porque meu pai vem passando por avaliação durante durante um ano. Achei muito estranho, muito estranho porque ele saiu já nervoso da sala. Ele não tava bem, ele tava meio nervoso”, disse o filho.
O filho do José, o auxiliar de produção José Carlos dos Santos, falou que médico ficou nervoso durante cirurgia em Taquaritinga
Reprodução/EPTV
A advogada Marília Natália da Silva atende outras quatro pessoas de Matão que também tiveram a visão comprometida. “Quando passou a entrevista na quarta-feira [na TV], o filho do seu José entrou em contato comigo mencionando o que havia acontecido com o pai dele e nós que ele estava naquele grupo, né? E eu perguntei: ‘então seu pai já está no grupo das 12 pessoas que estão passando até por assistência, né? Fizeram o exame no HC’. Ele falou: “Não, meu pai não tá nesse grupo”.
Ela afirmou ainda que o idoso não está recebendo acompanhamento e não tem acesso a medicamentos.
Com a repercussão do caso, outros pacientes que enfrentaram problemas após passarem por cirurgias no Ame de Taquaritinga, começaram a aparecer.
A aposentada Maria das Graças Rodrigues, de Araraquara, afirma que passou por cirurgia de catarata em 2023 e perdeu completamente a visão do olho operado. “Já saí de lá cega de tudo. Aí, daí 2, 3 dias já começou a inchar e doer, dar até febre”.
A Secretaria Estadual de Saúde disse que vai dar tratamento, fazer acompanhamento aos pacientes e que vai apresentar uma proposta de indenização administrativa para as pessoas afetadas pelas cirurgias. Sobre esses dois dois novos casos, nós procuramos a Secretaria de Saúde que disse que vai investigar na sindicância.
Investigação
Pacientes que tiveram a visão comprometida no AME de Taquaritinga passam por exames no HC de Ribeirão
Reprodução/EPTV
A Secretaria Estadual de Saúde informou que, diante das graves denúncias, abriu uma sindicância que vai investigar todas as unidades gerenciadas pela Organização Social Santa Casa de Franca, responsável pela administração do AME.
Disse ainda que vai romper o contrato com a OS e abrir processo para contratar uma nova instituição para gerenciar o AME de Taquaritinga. O Ministério Público de Taquaritinga também investiga o caso nas esferas cível e criminal.
Para o promotor Ilo Wilson Marinho Gonçalves Júnior, a sociedade toda acaba lesada, já que muitos podem perder a confiança no sistema de saúde. Ele explicou que além de ações individuais, como algumas das vítimas estão movendo, pretende entrar com uma ação de dano coletivo.
“Já há elementos iniciais, preliminares que indicam que houve um erro no procedimento de esterilização, uma inobservância do protocolo e o protocolo existe por questões de seguranças. Evidentemente que isso precisa ser tecnicamente demonstrado por documentação em especial pelo auto de interdição da vigilância sanitária estadual e, de posse dele, nós entendermos como foi a real dinâmica desse evento fatídico”, afirmou o promotor.
O promotor Ilo Wilson Marinho Gonçalves Júnior
Reprodução/EPTV
Além da ação civil, a promotoria também investiga Mais crimes podem ter sido cometidos. Já foi pedida a lista de todos os profissionais envolvidos nos procedimentos que deverão ser chamados para prestar depoimento.
A promotoria também aguarda os relatórios com as conclusões das indicâncias feitas pelo estado e pela vigilância.
“Antes de concluída a investigação criminal, eu acho prematuro você identificar um crime. Podem ter ocorrido vários crimes. A princípio, o trabalho ficou em hipótese de lesão corporal gravíssima. A princípio, mas nada impede que haja que novos crimes possam ser descobertos. Então, é por isso que é preciso cautela, responsabilidade na investigação para a melhor conclusão penal a respeito desses fatos.
O grupo Santa Casa de Franca ainda não se manifestou sobre a decisão do estado. Afirmou que todas as informações foram entregues à Secretaria de Estado da Saúde e que afastou todos os profissionais envolvidos após as constatações.
Entenda o caso
Em outubro do ano passado, 23 pacientes de cidades do interior de São Paulo, como Matão, Santa Ernestina (SP) e Ibitinga (SP), passaram por cirurgias de catarata no AME de Taquaritinga. Alguns pacientes disseram que não sabiam que se tratava de um mutirão e que aguardavam há anos pelo procedimento.
Após a cirurgia, alguns deles começaram a sentir dor, sendo que alguns perceberam o desconforto quando ainda eram operados. Os sintomas eram dor intensa, vermelhidão e visão embaçada.
Nas consultas pós-operatório no dia seguinte, os pacientes relataram que a visão estava pior, mas alegam que foram orientados pelos profissionais de que a situação era normal e que estariam totalmente recuperados em até três meses.
Em novembro de 2024, após o agravamento do quadro de saúde, uma reunião foi realizada entre 12 pacientes identificados com problemas na visão e o AME.
De acordo com os idosos, eles foram encaminhados para serviços de referência em oftalmologia na Santa Casa de Araraquara (SP) e no Hospital das Clínicas (HC) de , onde parte deles recebeu a notícia que a situação era irreversível.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, as complicações de uma cirurgia de catarata são raras e o procedimento é bastante seguro. A cirurgia de catarata é um procedimento para restabelecer a visão do paciente, prejudicada pela calcificação do cristalino, que é a lente natural do olho humano.
“A catarata é um processo natural do olho, que vai acontecer em todos, em pessoas mais jovens de 30 / 40 anos, e inclusive, existe a congênita. Mas o comum é a catarata senil, que é mais frequente após os 60 anos. O olho começa a ficar opaco, embaçado, e não adianta usar óculos. A cirurgia é simplesmente “trocar a lente do olho”, para efeito de focalização”, finalizou o médico oftamologista Gustavo Paro.
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