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Projeto foi discutido exclusivamente com Israel e seu premiê, Benjamin Netanyahu, e continha diretrizes polêmicas, como deixar Jerusalém totalmente do lado israelense. Representantes palestinos rechaçaram a proposta. Recentemente, Donald Trump defendeu limpeza étnica na Faixa de Gaza. Donald Trump diz que palestinos que deixarem a Faixa de Gaza, segundo o plano dele, não poderão mais voltar
Reprodução/TV Globo
Antes de defender a ideia de uma “Riviera do Oriente Médio” na Faixa de Gaza, o presisente dos EUA, Donald Trump, já havia proposto uma solução de dois Estados que ampliaria o território palestino, em troca de concessões na Cisjordânia.
Em declarações recentes, Trump defendeu a anexação do território pelos EUA, que liderariam os esforços de reconstrução de sua infraestrutura, destruída após o conflito entre Israel e o Hamas.
Seu plano, porém, defende a remoção forçada dos moradores de Gaza para outros locais, como a Jordânia e o Egito, sem o direito de retorno — manobra que configura uma limpeza étnica, que poderia ser considerada um considerada crime contra a humanidade ou mesmo um genocídio, segundo convenções internacionais.
Em 2020, durante seu primeiro mandato, Trump apresentou, ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, uma proposta de divisão do território que cedia outras áreas contíguas às Faixa de Gaza para um futuro Estado Palestino.
O plano foi discutido apenas entre EUA e Israel, jamais tendo sido submetido à população palestina ou à Autoridade Palestina. A divisão também previa uma Cisjordânia menor e com diversos enclaves israelenses, além da cessão total de Jerusalém para Israel.
Representantes palestinos rechaçaram completamente o plano. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, chamou o redesenho de “uma conspiração”.
“Jerusalém não está à venda”, disse Abbas.
Na época, Trump chamou o projeto de “solução realista de dois Estados”. Veja o que propunha o mapa:
Jerusalém permaneceria indivisível e seria considerada capital de Israel.
O futuro Estado Palestino teria a região de Abu Dis — a cerca de 1,5 km da cidade murada de Jerusalém — como capital.
O novo Estado Palestino teria um novo território para indústrias de alta tecnologia e outro destinado a casas e produção agrícola, em áreas contíguas a Gaza, perto da fronteira com o Egito.
Os palestinos teriam acesso garantido aos portos de Haifa e Ashdod, em Israel.
Haveria um túnel ligando a Faixa de Gaza à Cisjordânia, garantindo a unidade do novo Estado Palestino.
Todo o Vale do Jordão ficaria sob controle de Israel — ou seja, toda a fronteira com a Jordânia, a leste do território israelense.
Assentamentos israelenses na Cisjordânia não seriam removidos.
Confira o mapa proposto:
Proposta dos EUA para Estado Palestino em 2020
Editoria de Arte/g1
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Proposta pela primeira vez em 1947 pela ONU, a solução de dois Estados para israelenses e palestinos sempre encontrou dificuldades. Uma das principais questões seria a divisão de Israel, contestada por ambos os lados.
O plano da ONU, que nunca chegou a ser implementado, previa que Jerusalém se tornasse uma cidade internacional. Na prática, após a guerra de Israel com países árabes em 1948, a cidade foi dividida. Na época, a Faixa de Gaza ficou sob o controle do Egito, enquanto a Cisjordânia e Jerusalém Oriental ficaram com a Jordânia.
Em 1967, após mais uma guerra, Israel anexou os territórios palestinos, Jerusalém Oriental, a Península do Sinai do Egito e as Colinas de Golã da Síria — o Sinai seria devolvido após a assinatura de um acordo em 1979.
Em um movimento condenado pela Comunidade Internacional, Israel passou a estabelecer assentamentos nos territórios palestinos anexados, dificultando o estabelecimento de um futuro Estado palestino.
Os EUA consideraram tais assentamentos ilegais entre 1978 e 2019, quando Trump reverteu o entendimento do país estabelecido por Jimmy Carter. A gestão Biden condenou brevemente os assentamentos, entre 2024 e a posse de Trump.
Em um movimento unilateral, o então premiê israelense Ariel Sharon removeu todos os 21 assentamentos na Faixa de Gaza, além de outros quatro na Cisjordânia. A ONU e os palestinos consideram que Gaza ainda é um território ocupado, já que Israel controla suas fronteiras, seu espaço aéreo e promove um bloqueio naval. O local é controlado politicamente pelo grupo terrorista Hamas desde 2006.
Na Cisjordânia, controlada parcialmente pela Autoridade Palestina, Netanyahu tem expandido os assentamentos. O território segue também entrecortado por postos de controle israelenses. Nas últimas semanas, após o cessar-fogo em Gaza, as Forças de Defesa de Israel têm realizado diversas operações militares no território, removendo milhares de famílias palestinas de suas casas.