O Estado do Ceará está entre os cinco estados que mais matam mulheres trans no Brasil desde 2017. Presente nas listas de Unidades Federativas (UFs) com mais assassinatos de mulheres trans há pelo menos sete anos, o estado cearense não aparece em uma colocação abaixo do quarto lugar. Os números de 2024 apontam também que o Ceará é o primeiro do Nordeste e terceiro do Brasil que mais têm mulheres trans mortas. Os dados são do Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras, produzido pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) e publicado no fim de janeiro de 2025.
Em entrevista ao O Estado, a presidente nacional da União Nacional LGBT (Unalgbt) Brasil, Silvinha Cavalleire, aponta que os números de mortes de mulheres trans no Ceará estão naturalmente ligados à marginalização e falta de oportunidades no mercado formal de trabalho. A dirigente, contudo, faz a ressalva que é preciso discutir a permanência dessas mulheres nos empregos.
“Nós mulheres trans e travestis, imaginamos o quanto é importante ter acesso ao mercado de trabalho, mas não apenas o acesso. A discussão da permanência também deve estar na ordem do dia, porque muitas das nossas que conseguem ter oportunidades, não tem duração conta da transfobia e falta de apoio institucional”.
A promoção de um calendário estadual oficial LGBTI+, bem como ações de combate à fome e insegurança alimentar dessa população e a emissão de carteira de identidade com nome social para pessoas trans, são algumas das atividades já desenvolvidas pelo governo do Ceará para combate aos índices de violência contra essa população.
A recém-empossada secretária das Mulheres, e uma das fundadoras do Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues (CERLGBT+), Lia Gomes, afirma que há em seu mandato um planejamento de ações que contemplem mulheres trans e pessoas LGBTIAPN+.
“Desde a fundação do CERLGBT+, quando estive à frente, falo que o foco principal das políticas públicas para essas pessoas deve ser as mulheres trans. Isso se dá pelos resultados de violência que essas mulheres sofrem. A gente precisa perceber que, como sociedade, às vezes nós mesmos, quando não damos oportunidades, empurramos as mulheres trans para a marginalização. Meu mandato na secretaria da mulher deve sim ter uma agenda voltada para o cuidado específico desse público”.
O post Acesso e manutenção de empregos podem diminuir mortes de mulheres trans no Ceará apareceu primeiro em O Estado CE.