Presidente da Câmara diz que boné não serve para resolver problemas do país

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou em postagem em rede social que boné não serve para “resolver os problemas do país”.

A publicação ocorre em meio a uma “guerra dos bonés” entre governistas e parlamentares da oposição com o uso de peças e horas após o presidente Lula (PT) postar um vídeo também usando o acessório com uma mensagem.

“Pra mim, boné serve pra proteger a cabeça do sol, e não pra resolver os problemas do país. O que a gente precisa é fazer, e ter a cabeça aberta pra pensar em como ajudar o Brasil a ir pra frente”, disse Motta nesta terça (4) na postagem em sua conta do X (antigo Twitter).

Na publicação, Lula usava o boné azul idealizado por seu ministro da Secom (Secretaria de Comunicação), Sidônio Palmeira, com a mensagem “O Brasil é dos brasileiros”.

A peça foi utilizada pela primeira vez durante as eleições do novo comando do Senado e da Câmara, no último sábado, quando membros do governo, como os ministros petistas Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Camilo Santana (Educação) compareceram à votação com o item.

O acessório se contrapõe ao boné vermelho com a frase “Make America Great Again”, usado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No sábado, Padilha chegou a afirmar que “aqui, ninguém bate continência para a bandeira de outro país”.

Após a posse de Trump, no último dia 20, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), havia publicado vídeo usando o boné símbolo do americano, comemorando a volta dele ao poder. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é outra líderança da direita brasileira que costuma aparecer com o acessório.

Na segunda-feira (3), houve uma rixa de adereços na primeira sessão do Legislativo, na qual parlamentares da oposição usaram bonés verde e amarelo, com a inscrição “Comida barata novamente. Bolsonaro 2026”. E entoaram gritos contra Lula e a alta de preços na tribuna da Câmara, em resposta ao boné utilizado por governistas.

O comentário de Motta via rede social, nesta terça-feira, foi feito horas após a postagem de Lula no Instagram, e um dia após seu encontro com o presidente no Palácio do Planalto. Na segunda, Lula recebeu Motta e o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), devido à abertura do ano Legislativo, em evento no qual se referiu aos dois chefes do Congresso como “amigos” e afirmou que sempre ouvirá o Congresso antes de mandar projetos para apreciação.

Na ocasião, Motta disse que a Câmara estaria à disposição para construir uma pauta positiva para o país e defendeu independência e harmonia entre os Poderes.

A dupla foi recebida no Planalto ao lado dos líderes do governo e dos ministros Alexandre Padilha, Rui Costa (Casa Civil), Sidônio Palmeira e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral).

A posição do novo presidente da Câmara diante da “guerra dos bonés” reflete seu perfil que, até o momento, dialogou com a ala governista e a oposição ao longo de sua campanha. Ele foi eleito pela Casa com 444 votos dos 513 deputados federais, em uma corrida que teve o apoio de partidos desde o PT de Lula até o PL de Jair Bolsonaro.

Por conta disso, Motta é considerado mais aberto ao contato com ambas as frentes do que seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL). A conduta também pôde ser vista em seu discurso de posse, em que mesclou recados tanto acerca da independência dos Poderes, quanto mensagens contrárias à ditadura.

Um dos principais desafios para o deputado será, justamente, conciliar os interesses do leque dos partidos que o apoiam. Um dia após ser alçado à disputa, ele se reuniu com Lula e com o ex-presidente Bolsonaro. Após sua vitória, ele também recebeu ligação dos dois parabenizando-o pelo resultado.

Motta era o indicado de Lira à sucessão da Câmara. Com apoio de quase todos os partidos da Casa, ele não teve adversários competitivos e sua vitória já era esperada antes mesmo do anúncio.Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) também estavam na disputa e obtiveram 31 e 22 votos, respectivamente.

Nas falas da posse, o novo presidente da Câmara tratou especificamente sobre as emendas parlamentares, citou Ulysses Guimarães e encerrou o discurso com a frase “ainda estamos aqui”, em referência ao filme “Ainda Estou Aqui”, que retrata a vida e perseguição do ex-deputado Rubens Paiva e sua família durante a ditadura militar.

Apesar do resultado, o novo presidente não superou recorde de Lira. Em 2023, ele teve 464 votos, tornando-se, naquele momento, recordista desde a redemocratização do país.

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