EUA ameaçam Panamá se não houver mudanças imediatas no Canal

Se o Panamá não trabalhar para reduzir a influência da China sobre o Canal do Panamá, o Governo dos EUA tomará providências, disse nesse domingo (2) o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, ao presidente panamenho, José Raúl Mulino. Segundo Rubio, os EUA consideram Pequim uma ameaça ao Canal e uma violação do acordo sobre a via marítima, segundo relato de um porta-voz do Departamento de Estado sobre a reunião entre Rubio e Mulino, no Palácio presidencial.

O presidente Donald Trump vem ameaçando tomar o controle do Canal por considerar que ele está sob “influência chinesa”, mas sem dar detalhes da queixa. O Governo panamenho nega estar cedendo a operação do Canal à China e insiste que administra a via de forma justa para todos os navios.
Embora o próprio Canal seja operado pelo Panamá, os dois portos em cada lado são geridos por uma empresa de Hong Kong. Já outros terminais próximos são operados por empresas privadas dos Estados Unidos, Singapura e Taiwan. Estratégico, o Canal une os Oceanos Pacífico e Atlântico, por onde passam 5% do comércio marítimo mundial e 40% dos contêineres dos Estados Unidos.

Mulino declarou que a soberania do Panamá sobre a via não está em discussão. Em entrevista coletiva, ele disse não ver uma ameaça concreta contra os tratados pelos quais os Estados Unidos entregaram ao país o controle do Canal. “Não sinto que haja neste momento qualquer ameaça real contra o tratado, sua vigência e muito menos de uso de força militar para se apoderar do canal, não sinto isso”, afirmou Mulino.
Rubio minimiza a opção militar, mas assegura que Washington não permitirá que a China supostamente controle o canal por meio da empresa de Hong Kong. Na Capital panamenha, cerca de 200 pessoas protestaram ontem, gritando: “Fora do Panamá, Rubio! A pátria não se vende, a pátria se defende!”.

Dezenas de policiais impediram que os manifestantes se aproximassem do centro histórico. “Ao mensageiro imperial (Rubio), reiteramos que Trump não tem absolutamente nada aqui. O Panamá é um país livre e soberano”, declarou à AFP o líder sindical Saúl Méndez, um dos organizadores dos atos.
No tema da migração, o Governo panamenho reagiu de forma mais positiva. Mulino disse que o Panamá poderia repatriar migrantes detidos ao tentar cruzar a selva de Darien, desde que os americanos paguem pelos voos de deportação.

Rubio chegou na noite de sábado (1º) ao Panamá, em viagem inaugural ao exterior como secretário de Estado. O Panamá é a primeira parada de um giro de seis dias que inclui El Salvador, Costa Rica, Guatemala e República Dominicana. Os principais temas da viagem são o canal, migração, o combate ao crime organizado e a crescente influência da China na região.

Na primeira semana de governo, Trump pôs em curso um plano de deportações de latino-americanos, algemados e alguns com grilhões, em aviões militares. Diante da recusa da Colômbia de receber os deportados nessas condições, Trump ameaçou impor tarifas, e o presidente colombiano, Gustavo Petro, recuou.

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