Após um rali que elevou o Ibovespa a novas máximas históricas nos últimos cinco pregões, investidores aproveitaram a sessão desta quinta-feira (22) para realizar lucros. Desde o início do mês até o dia anterior, o índice acumulou alta de quase 9%, com os mercados reavaliando suas expectativas em relação à economia dos EUA e ao cenário fiscal brasileiro.
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Cautela nos mercados globais antes de Jackson Hole
Nos Estados Unidos, o clima de cautela prevaleceu, com os investidores aguardando a fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, no simpósio de Jackson Hole.
Além disso, o mercado americano teve de digerir dados econômicos desfavoráveis, como o índice PMI (Purchasing Managers’ Index), que mede a atividade dos setores de manufatura e serviços. Em agosto, o PMI desacelerou para 50,4, o menor nível em quatro meses, destacando uma retração mais acentuada na indústria.
Adicionalmente, os pedidos semanais de seguro-desemprego vieram ligeiramente acima do esperado, o que, aliado à revisão para baixo na criação de vagas de trabalho, aumenta as preocupações sobre uma possível deterioração rápida na produção econômica dos EUA.
Essa combinação de fatores resultou em mais uma sessão de queda nos principais índices americanos: o Dow Jones recuou 0,56%, o S&P 500 caiu 0,91%, e o Nasdaq, fortemente influenciado por empresas de tecnologia, perdeu 1,67%.
A busca por segurança também impulsionou o dólar, que valorizou 0,5% frente a uma cesta de moedas fortes e 2% em relação ao real, encerrando o dia cotado a R$ 5,589.
Desempenho do Ibovespa e cenário local
Com a pressão externa e a margem para realização de lucros, o Ibovespa não conseguiu se sustentar e fechou em queda de 0,95%, aos 135.173 pontos. No cenário doméstico, dois fatores chamaram a atenção dos investidores.
Primeiro, a arrecadação federal de julho, que alcançou um recorde de R$ 231 bilhões. Esse resultado ajuda a aliviar as preocupações com o déficit público, mas levanta questionamentos sobre o impacto da alta carga tributária na economia.
Em segundo lugar, o destaque foi a declaração de Gabriel Galípolo, principal cotado para suceder à presidência do Banco Central. Ele reafirmou o compromisso com o combate à inflação, sinalizando que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode aumentar a Selic, atualmente em 13,75%, na próxima reunião em setembro. O mercado já precifica uma alta de 0,25%.
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