As exportações da China registraram um crescimento acelerado em dezembro de 2024, demonstrando resiliência mesmo diante de desafios como as tensões comerciais com os Estados Unidos e as tarifas impostas pela União Europeia. O superávit comercial chinês alcançou US$ 104,8 bilhões no mês, impulsionado pelo aumento nas exportações e pela recuperação das importações.
Entretanto, esse crescimento ocorre em um cenário de incertezas, já que a posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, levanta preocupações sobre uma possível intensificação da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Aceleração das Exportações da China e Impacto do Yuan Desvalorizado
Em dezembro, as Exportações da China cresceram 10,7% em relação ao ano anterior, superando as expectativas dos analistas, que projetavam um aumento de 7,3%. Esse resultado representa um avanço em relação ao crescimento de 6,7% registrado em novembro.
A desvalorização do yuan em 2024 também contribuiu para tornar os produtos chineses mais competitivos no mercado internacional. Os fabricantes chineses reduziram os preços, o que ajudou a compensar a demanda interna enfraquecida e expandir as vendas externas, sobretudo para os Estados Unidos e os países da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático).
Tabela: Exportações e Importações da China
Mês de 2024 | Exportações (% YoY) | Importações (% YoY) | Superávit Comercial (US$ bilhões) |
---|---|---|---|
Novembro | 6,7% | -0,8% | 97,4 |
Dezembro | 10,7% | 1,0% | 104,8 |
Com o aumento nas exportações e uma leve recuperação nas importações (alta de 1% em dezembro), o superávit com os EUA aumentou para US$ 33,5 bilhões no último mês de 2024.
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Recuperação das Importações e Estoques Estratégicos
As importações chinesas surpreenderam positivamente ao crescerem 1% em dezembro, contrariando a projeção de queda de 1,5% feita por economistas. Esse crescimento foi impulsionado pelo aumento das compras de commodities, como minério de ferro e cobre, que atingiram recordes devido aos preços baixos e à estratégia de “comprar barato” antes de potenciais novas tarifas.
Além disso, a China também registrou uma importação recorde de soja em 2024. Essa alta é atribuída à antecipação das tensões comerciais com os Estados Unidos, o que fez com que os importadores se apressassem para garantir suprimentos antes da posse de Donald Trump.
Por outro lado, as importações de petróleo bruto registraram sua primeira queda anual em mais de 20 anos, com exceção dos anos de pandemia. A demanda por combustível foi afetada pelo crescimento econômico moderado e pela crise imobiliária, que continua a pesar sobre a economia chinesa.
Efeitos das Tensões Comerciais com EUA e União Europeia
As relações comerciais entre China e Estados Unidos estão novamente no centro das atenções com a iminente volta de Donald Trump à presidência. Durante sua campanha, Trump prometeu novas tarifas sobre produtos chineses, gerando temores de um impacto negativo nas exportações do país asiático em 2025.
Além disso, a União Europeia anunciou tarifas de até 45,3% sobre veículos elétricos chineses, o que pode prejudicar os planos da China de se tornar líder global nesse mercado.
“A ameaça de tarifas impulsionou uma antecipação de exportações em dezembro, mas há preocupações sobre uma queda brusca nas remessas nos próximos meses”, alertaram analistas do Barclays em relatório recente.
Estímulos Econômicos e Perspectivas para 2025
Para enfrentar os desafios externos, o governo chinês prometeu adotar medidas de estímulo em 2025, incluindo uma política monetária mais flexível e um pacote fiscal agressivo para revitalizar a demanda interna.
Dados recentes indicam sinais de recuperação na atividade fabril e no setor de serviços. A produção industrial cresceu pelo terceiro mês consecutivo, enquanto as importações da Coreia do Sul – um importante fornecedor de componentes tecnológicos para a China – aumentaram 8,6% em dezembro.
No entanto, a inflação baixa e os sinais de deflação em alguns setores indicam que a recuperação econômica ainda é frágil. “O crescimento das importações é um bom sinal, mas precisamos de um crescimento mais robusto no consumo doméstico para garantir uma recuperação sustentável”, explicou Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit.
Projeções de Crescimento e Superávit Comercial
Apesar dos riscos, o governo chinês estabeleceu uma meta de crescimento econômico de 5% para 2025. Economistas apontam que essa meta é ambiciosa, considerando os efeitos prolongados da crise imobiliária e o cenário de incertezas globais.
As autoridades chinesas têm reforçado a importância de diversificar os mercados de exportação para reduzir a dependência dos Estados Unidos e da União Europeia. Ao mesmo tempo, políticas para estimular o consumo doméstico são vistas como fundamentais para sustentar o crescimento.
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Desafios e Oportunidades
Embora as exportações da China tenham mostrado resiliência, o cenário para 2025 permanece desafiador. A dependência de estímulos econômicos e as incertezas em torno das políticas comerciais dos EUA podem limitar o ritmo de recuperação.
Por outro lado, a China tem se destacado na importação de produtos agrícolas e na exportação de veículos elétricos, o que demonstra seu esforço para diversificar suas operações comerciais e fortalecer setores estratégicos.
A recuperação econômica chinesa dependerá, portanto, de sua capacidade de manter a competitividade no mercado global, mesmo diante das adversidades externas.
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