O presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, considera que o fato de o carnaval ser no mês de março gera impactos variados pelo Brasil, que dependem das características econômicas e turísticas de cada região. “Em cidades como Salvador e Florianópolis, o carnaval marca o fim da alta temporada de verão. Por isso, quando acontece mais tarde, ajuda a prolongar o turismo e impulsionar as vendas em bares e restaurantes.”
Ele afirma ainda que “em locais onde a atividade turística é forte ao longo de todo o verão, como no Rio de Janeiro, a data do carnaval tem pouca influência, e o setor mantém estabilidade”.
O vendedor ambulante André Pacheco aproveita o início do ano para conseguir renda extra, com a chegada das festas carnavalescas. Há 20 anos, ele vende bebidas na Lapa, no Centro do Rio de Janeiro. André espera faturamento maior porque este ano o carnaval será em março, o que significa dizer que o pré-carnaval é mais longo. “A gente vai ter janeiro e fevereiro para se preparar para o carnaval. Para mim é como se tivesse já dando uma alavancada de no mínimo uns 50% nas vendas.”
Desde a virada do ano, ele tem percebido que a cidade está cheia de turistas, brasileiros e estrangeiros, o que contribui para o otimismo em relação às vendas. Para o vendedor, os blocos de carnaval que já estão animando o Rio desde o primeiro fim de semana do ano estão diretamente relacionados com a expectativa, mesmo que não sejam localizados na região da Lapa.
“A gente fala que a Lapa, a nossa área, é uma dispersão mesmo de blocos. As pessoas vindas de blocos da Primeiro de Março [no Centro], do Flamengo, da Glória [bairros da zona sul], enfim, a galera acaba indo para a Lapa, todo mundo vai para lá, e a festa continua lá”.
A também vendedora ambulante Maria do Carmo, conhecida como Maria dos Camelôs, fundadora e coordenadora-geral do Movimento Unido dos Camelôs (Muca), reforça a importância do carnaval para a categoria. “É o momento em que a gente tira o nosso 13º salário. Momento em que as pessoas estão na cidade, na rua para gastar dinheiro. Para a gente é muito importante. Carnaval deveria ser duas vezes no ano”, disse ela, que vende bebidas em blocos no tradicional bairro de Santa Teresa, região central do Rio.
Em 2025, a Prefeitura do Rio de Janeiro cadastrar 15 mil vendedores autônomos para trabalhar nos blocos de rua, cinco mil a mais do que no ano passado.
O presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), Fernando Blower, observa que mesmo não tendo dados, tende a acreditar que o pré-carnaval mais longo pode ser algo positivo para o setor. “Isso porque dá uma espécie de alongada nesse sentimento de verão, férias e viagem.”
No entanto, ele aponta que nem todos os estabelecimentos de alimentação fora do lar vivenciam o período da mesma forma. “Os bares e locais com características mais informais e descontraídas, além daqueles em locais de perfil notadamente turísticos, a exemplo da zona sul e Lapa, apresentam maior possibilidade de crescimento no período. Já nos perfis de negócio com foco mais executivo e afastados das áreas de maior concentração turística, o inverso acontece”, afirma.
O presidente do SindRio lembra que, de acordo com dados do Sindicato e do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (Ifec/RJ), o carnaval é historicamente período com pequena queda no faturamento do setor de bares e restaurantes. Em 2024, o faturamento ficou em R$ 1,394 bilhões. Foi o primeiro ano a superar a marca de pouco mais de R$ 1,3 bilhão alcançada em 2019 e 2020, antes da pandemia de covid-19. (Com Agência Brasil)
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